(UFLA, 2012, adaptada)
JON SAVAGE ESCREVE ENSAIO SOBRE A CULTURA ‘TEEN’
De repente, descobre-se que a ideia de juventude, tal qual a conhecemos, não é tão nova assim. É o que se aprende com base na leitura do longo ensaio “A criação da juventude”, do jornalista e escritor Jon Savage. A obra, publicada pela editora Rocco, ajuda ao leitor interessado a compreender um tanto a mais sobre como esse conceito foi construído, conforme gostam de salientar os acadêmicos, ao longo dos séculos 19 e 20. É interessante, a propósito, observar que Savage parte para o tema seguindo o interesse genuíno de um pesquisador da cultura pop. Nesse sentido, diferentemente de tentar associar suas teses a certas correntes do pensamento universitário ora em voga, o autor disserta sobre o tema como quem busca revelar, de fato, a natureza desse ideário que não apenas marcou, mas também definiu o longo século XX.
Na avaliação de Savage, para entender por que a sociedade contemporânea alcançou os parâmetros atuais no que tange à atenção especial concedida aos jovens, sobretudo dos meios de comunicação, é necessário voltar a 1875, posto que desde esse período já se encontram relatos de adolescentes inadequados com o mundo que os cerca. Aqui, ancorado em farta pesquisa documental, o autor se debruça em diários, jornais e demais publicações a fim de entender um pouco das mentalidades daquele período. E, surpreendentemente, boa parte dos queixumes costumeiros dos jovens de hoje, reservadas aí as devidas proporções e contexto de época, em muito se aproxima com aqueles relatos.
É o caso da jovem Marie Bashkirtseff, que aos 17 anos, apresenta em seu diário íntimo o desejo de se eternizar, conforme analisa Savage: O diário não era só uma válvula de escape, mas um pedido de imortalidade secular. Marie queria atenção e fama. Essa constatação pode ser tão chocante quanto a noção de que, já no século 19, o problema da delinquência juvenil era um dado da realidade: o adolescente Jesse Pomeroy, aos 15 anos, já tinha cometido um assassinato em primeiro grau e, por essa razão, havia sido condenado à pena capital no Estado de Massachussets, nos Estados Unidos. Em suas primeiras páginas, portanto, o livro mostra como a problemática da violência e da insatisfação dos jovens não é uma espécie de subproduto da sociedade de consumo, mas um fator que ajuda a explicar como essa sociedade se constituiu com a presença dos jovens.
Por se tratar de um historiador europeu, Jon Savage não escapa à compreensível tendência de analisar o papel do jovem durante a Segunda Guerra Mundial. [...] Para o autor, mesmo em condições extremas, um jovem é um jovem. Em outras palavras, terá ambições (e ilusões) em relação ao futuro profissional; imitará os heróis do seu tempo; assim como desejará se vestir e se comportar como adulto.
O livro não disseca o comportamento dos jovens do século 21. Para bem antes disso, no fim da Segunda Guerra Mundial. De acordo com o autor, a essa altura, já estão criadas as bases para a geração teenage que entraria em ascensão logo em seguida, acompanhando a escalada dos Estados Unidos como supremacia global na economia e na indústria da cultura, moldando costumes e modo de vida. A proposta do livro, no entanto, se sustenta: de forma bastante madura, o jornalista e escritor Jon Savage discute como a juventude nasceu.
FONTE: CARDOSO, Fábio Silvestre. Jornal do Brasil, Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2012. (Fragmento)
Segundo o texto, a tese defendida por Jon Savage em seu livro é a de que:
a) A ideia de ser famoso é antiga entre os jovens e constitui um problema para a juventude
b) O comportamento da juventude dos Estados Unidos é benéfico, pois está em ascensão desde a Segunda Guerra.
c) O conceito de juventude do mundo contemporâneo é fruto de concepções surgidas em séculos anteriores.
d) A prática de crimes é um meio de os jovens defenderem-se dos subprodutos da sociedade de consumo.
e) O livro disseca o comportamento dos jovens do nosso século de forma bastante madura.
Lista de comentários