Entre os artistas que faziam parte da comitiva de Maurício de Nassau, no período da ocupação holandesa de Pernambuco, estava Albert Eckhout (cerca de 1610-1666), pintor e desenhista. Echkout permaneceu no nordeste entre os anos de 1637 e 1644. Nesse período, realizou registros artísticos da fauna e da flora do local e produziu diversos retratos de habitantes do Brasil no século XVII. O retrato ao lado, produzido por Eckhout, apresenta uma mulher indígena do grupo Tupi. Para analisar esse quadro, é importante ter em mente o contexto em que ele foi produzido e a mentalidade europeia a respeito dos indígenas americanos no século XVII. Durante muito tempo, os colonizadores dividiam os indígenas das terras do atual Brasil em dois grupos genéricos. Os chamados de Tupi viviam no litoral e tinham maior contato com os portugueses. Já os chamados de tapuias viviam no interior, no sertão. Os Tapuia tiveram menor contato com os colonizadores e, para os europeus, esses indígenas eram “agressivos”, “bravos”. A chamada Guerra dos Bárbaros se refere aos conflitos dos povos genericamente chamados de Tapuia e que viviam no Sertão nordestino. Esses povos, como vimos, eram pejorativamente chamados de “bárbaros”: “‘Tapuias’, para os tupis, eram todos os não tupis. Diferiam destes não só pela língua, mas por habitarem o sertão, o interior. Como os colonizadores se instalaram primeiro no litoral, foi com os tupis que se comunicaram e se misturaram antes. Por mais que também se dividissem em vários povos, alguns deles agressivos, os tupis eram os índios ‘conhecidos’. Já os tapuias eram ‘os outros’”.

GERONAZZO, S. Muro do demônio. Revista de História da Biblioteca Nacional, 8 jul. 2009.


Índia tupi, de Albert Eckhout. 1641. Óleo sobre tela.

Considerando as informações acima, a seguir analise as afirmações:

I. A obra representa, em grande medida, a intenção do colonizador europeu de dividir os indígenas brasileiros entre “tupis” e “tapuias”, ou seja, entre os povos “amigáveis” e os “estranhos”.
II. A mulher indígena tupi surge em pé, com um bebê no braço direito. Seu braço esquerdo segura uma cesta que está apoiada no alto da cabeça. A mulher veste um pano branco e olha para a frente, para o observador.
III. O cenário da pintura, especialmente à esquerda, apresenta outros aspectos de “civilidade”: a casa de uma fazenda, com plantações e com pessoas trabalhando. Esse cenário, tão próximo da mulher tupi, indica que ela, também, se aproxima e convive com os valores dos “homens brancos”.
IV. Os indígenas chamados de “tupi” tiveram maior contato com o colonizador. É possível que o artista, na intenção de retratar a “bondade” e a quase “civilidade” dos tupis, tenha representado a mulher tupi utilizando elementos e objetos que podem representar tanto a engenhosidade dos tupis como o seu contato (e seu “aprendizado”) com o colonizador: as vestes brancas, para cobrir a nudez; a cabaça; o cesto (com objetos artesanais e com um vegetal dentro dele); o cabelo trançado, dentre outros.

É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1:
I e II, apenas.

Alternativa 2:
I e III, apenas.

Alternativa 3:
I, II e III, apenas.

Alternativa 4:
I, III e IV, apenas.

Alternativa 5:
I, II, III e IV.
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