O comunismo de guerra foi uma tática econômico-militar adotada pelo líder bolchevique, Vladimir Lenin, durante a Guerra Civil Russa.
O “comunismo de guerra” foi uma estratégia econômico-militar elaborada por Vladimir Lenin, líder comunista bolchevique, durante a Guerra Civil Russa (1918-1920). Para compreender o que significou isso, vejamos o contexto dos acontecimentos.
Revolução de Outubro e Guerra Civil Russa
A Revolução Russa de 1917 consolidou-se com a chamada “Revolução de Outubro”, quando os bolcheviques (facção revolucionária comunista derivada do Partido Operário Social-Democrata Russo) tomaram o poder, sobrepondo-se, portanto, às outras facções revolucionárias mais moderadas. Essa ação instituiu o Estado Bolchevique, que mais tarde se transformou no Estado Soviético e na União Soviética, o que provocou não apenas a reação dos opositores dentro da revolução, como a reação de forças ligadas ao czar Leopoldo II, que, com o apoio de outras potências europeias, procuraram enfrentar os bolcheviques no campo de batalha.
Esse enfrentamento resultou na chamada Guerra Civil da Rússia ou Guerra Civil Russa. Nessa guerra, entraram em conflito os exércitos Vermelho e Branco. O primeiro deles era constituído pelas forças proletárias e camponesas e por membros do Exército imperial russo, que, durante a Primeira Guerra Mundial, associaram-se aos revolucionários bolcheviques. O líder e grande articulador desse exército foi Leon Trotsky. Do lado oposto, estavam os militares de carreira, vinculados à aristocracia russa que orbitava em torno do czar Nicolau II. Eles pretendiam retomar o poder por meio de uma ditadura militar como contraponto à ditadura do proletariado, pregada pelos bolcheviques.
Para conter a ação militar contrarrevolucionária do Exército Branco, os bolcheviques, sob o comando de Vladimir Lenin, adotaram a tática chamada de “comunismo de guerra”, cuja dinâmica veremos no próximo tópico.
A tática do “comunismo de guerra”
A situação da economia russa havia se agravado durante a Primeira Guerra Mundial e, após a Revolução de Outubro, os comunistas bolcheviques ambicionavam a construção do Estado Soviético. Ao mesmo tempo em que havia a necessidade de se estruturar esse modelo de Estado, havia também a realidade da guerra civil, que exigiu uma estratégia de autoconservação do bolchevismo no poder.
Vladimir Lenin, principal líder e estrategista revolucionário bolchevique, definiu então a tática do “comunismo de guerra”. Essa tática previa a integração orgânica entre toda a produção econômica russa e as ações do Exército Vermelho. Essa integração consistiu na canalização dos recursos, tanto dos agrários quanto industriais, para o sustento da guerra. Houve o confisco da produção agrícola, sobretudo de cereais, para alimentar o Exército Vermelho e toda a mobilização da força de trabalho para que os bolcheviques não perdessem a guerra.
O resultado foi catastrófico. Como diz o pesquisador Jorge Ferreira:
[…] A partir de 1918, a Rússia conheceu grandes sofrimentos, muitos deles verdadeiramente dramáticos. A dura experiência, de 1918 a 1920, despovoou cidades, devastou campos e causou a morte de milhões de pessoas. Para suprir o abastecimento das cidades e dos soldados, o governo, com a política do “comunismo de guerra”, requisitava alimentos produzidos pelos camponeses, o que não tardou em se transformar em pura pilhagem. O conflito tornou a situação dos bolchevistas tão crítica que Lenin declarou várias vezes, em fins de 1918 e início de 1919, que somente a revolução no Ocidente poderia garantir o poder soviético na Rússia. [1]
Como é possível notar, como forma de conter uma contrarrevolução, os bolcheviques arriscaram tolher quase todos os recursos do próprio povo russo, que ficou à míngua durante meses. Vale dizer ainda que a vitória bolchevique na guerra civil deveu-se mais, diga-se de passagem, à incompetência estratégica e franqueza ideológico-discursiva dos contrarrevolucionários do que propriamente ao “sucesso” do comunismo de guerra.
Como modo de recuperação econômica, findada a guerra, Lenin elaborou a chamada Nova Política Econômica (NEP), dando início ao chamado “capitalismo de Estado” e à rigidez da planificação econômica.
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O comunismo de guerra foi uma tática econômico-militar adotada pelo líder bolchevique, Vladimir Lenin, durante a Guerra Civil Russa.
O “comunismo de guerra” foi uma estratégia econômico-militar elaborada por Vladimir Lenin, líder comunista bolchevique, durante a Guerra Civil Russa (1918-1920). Para compreender o que significou isso, vejamos o contexto dos acontecimentos.
Revolução de Outubro e Guerra Civil Russa
A Revolução Russa de 1917 consolidou-se com a chamada “Revolução de Outubro”, quando os bolcheviques (facção revolucionária comunista derivada do Partido Operário Social-Democrata Russo) tomaram o poder, sobrepondo-se, portanto, às outras facções revolucionárias mais moderadas. Essa ação instituiu o Estado Bolchevique, que mais tarde se transformou no Estado Soviético e na União Soviética, o que provocou não apenas a reação dos opositores dentro da revolução, como a reação de forças ligadas ao czar Leopoldo II, que, com o apoio de outras potências europeias, procuraram enfrentar os bolcheviques no campo de batalha.
Esse enfrentamento resultou na chamada Guerra Civil da Rússia ou Guerra Civil Russa. Nessa guerra, entraram em conflito os exércitos Vermelho e Branco. O primeiro deles era constituído pelas forças proletárias e camponesas e por membros do Exército imperial russo, que, durante a Primeira Guerra Mundial, associaram-se aos revolucionários bolcheviques. O líder e grande articulador desse exército foi Leon Trotsky. Do lado oposto, estavam os militares de carreira, vinculados à aristocracia russa que orbitava em torno do czar Nicolau II. Eles pretendiam retomar o poder por meio de uma ditadura militar como contraponto à ditadura do proletariado, pregada pelos bolcheviques.
Para conter a ação militar contrarrevolucionária do Exército Branco, os bolcheviques, sob o comando de Vladimir Lenin, adotaram a tática chamada de “comunismo de guerra”, cuja dinâmica veremos no próximo tópico.
A tática do “comunismo de guerra”
A situação da economia russa havia se agravado durante a Primeira Guerra Mundial e, após a Revolução de Outubro, os comunistas bolcheviques ambicionavam a construção do Estado Soviético. Ao mesmo tempo em que havia a necessidade de se estruturar esse modelo de Estado, havia também a realidade da guerra civil, que exigiu uma estratégia de autoconservação do bolchevismo no poder.
Vladimir Lenin, principal líder e estrategista revolucionário bolchevique, definiu então a tática do “comunismo de guerra”. Essa tática previa a integração orgânica entre toda a produção econômica russa e as ações do Exército Vermelho. Essa integração consistiu na canalização dos recursos, tanto dos agrários quanto industriais, para o sustento da guerra. Houve o confisco da produção agrícola, sobretudo de cereais, para alimentar o Exército Vermelho e toda a mobilização da força de trabalho para que os bolcheviques não perdessem a guerra.
O resultado foi catastrófico. Como diz o pesquisador Jorge Ferreira:
[…] A partir de 1918, a Rússia conheceu grandes sofrimentos, muitos deles verdadeiramente dramáticos. A dura experiência, de 1918 a 1920, despovoou cidades, devastou campos e causou a morte de milhões de pessoas. Para suprir o abastecimento das cidades e dos soldados, o governo, com a política do “comunismo de guerra”, requisitava alimentos produzidos pelos camponeses, o que não tardou em se transformar em pura pilhagem. O conflito tornou a situação dos bolchevistas tão crítica que Lenin declarou várias vezes, em fins de 1918 e início de 1919, que somente a revolução no Ocidente poderia garantir o poder soviético na Rússia. [1]
Como é possível notar, como forma de conter uma contrarrevolução, os bolcheviques arriscaram tolher quase todos os recursos do próprio povo russo, que ficou à míngua durante meses. Vale dizer ainda que a vitória bolchevique na guerra civil deveu-se mais, diga-se de passagem, à incompetência estratégica e franqueza ideológico-discursiva dos contrarrevolucionários do que propriamente ao “sucesso” do comunismo de guerra.
Como modo de recuperação econômica, findada a guerra, Lenin elaborou a chamada Nova Política Econômica (NEP), dando início ao chamado “capitalismo de Estado” e à rigidez da planificação econômica.