Em trabalho publicado, Aziz Nacib Ab’Saber (2006) tece críticas à transposição do rio São Francisco:



O conhecimento sobre a dinâmica climática e hidrológica de um rio perene, que cruza caatingas em um certo trecho de seu longo vale, é essencial para qualquer tipo de planejamento.

Nos estudos básicos para fundamentação de projetos para os sertões secos do Nordeste, há que considerar todas as territorialidades que estão ao norte do Araripe, dotadas de rios intermitentes, sazonários, exorréicos, assim como toda a área sertaneja localizada ao sul da chapada divisora.

Além do mundo físico e ecológico, é absolutamente necessário realizar estudos básicos sobre a projeção da sociedade sertaneja sobre o espaço total da área reconhecida como Polígono das Secas, e identificar os problemas enfrentados pelas comunidades residentes de todos os sertões. No caso da transposição do Rio São Francisco para além-Araripe, torna-se imprescindível conhecer melhor a região semiárida da qual se pretende tirar um certo volume de água fluvial.

No caso do projeto governamental ora sob pressão para transpor águas do São Francisco, de início se fez um branco no tratamento da região semi-árida são-franciscana. Quando se percebeu a grandiosidade do erro em termos sociais e políticos, passou-se a falar, entre os maiores interessados na implantação do projeto, em uma revitalização prévia do Vale do Rio São Francisco. Como se essa tarefa fosse factível em face da ordem de grandeza espacial do vale e da complexidade socioeconômica dos homens habitantes.

De forma que a palavra utilizada epidermicamente teve apenas um valor demagógico. No que tange aos sertões pseudamente receptores dos recursos hídricos a serem tirados do São Francisco, desde o início se falou em “águas para todos”, como se um projeto linear tivesse força para abranger areolarmente todos os sertões povoados de além-Araripe. Mais do que isso, procurou-se dizer que a transposição

garantiria águas para beber. Sem lembrar que um certo volume de águas poluídas misturadas com águas salinizadas de alguns grandes açudes impediria o uso imediato das águas para fins potáveis. (AB’SABER, 2006, p.7)



AB’SABER, Aziz Nacib. A transposição das águas do rio São Francisco: análise crítica. Revista USP, São Paulo, n.70, junho/agosto, 2006, p.6-13.



Este geógrafo foi muito reconhecido por seus trabalhos na área da Geografia física, mas sempre buscou o reconhecimento do papel social, de forma crítica, questionando políticas antiecológicas de governos e empresas. Neste sentido, aponte a corrente da Geografia a qual está relacionado o trabalho de Aziz Ab’Saber, entre as alternativas a seguir:

Escolha uma opção:

a.
Corrente Teorética ou Quantitativa.


b.
Corrente Ecológica.


c.
Corrente Clássica tradicional.


d.
Corrente da Fenomenológica ou da Percepção.
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