Quando se estuda o período do Renascimento, geralmente se destaca o advento de algumas invenções, tais como o telescópio e o relógio de precisão. Uma dessas invenções que provocaram uma verdadeira revolução no terreno da escrita e da leitura foi a imprensa, isto é, a máquina de impressão tipográfica inventada pelo alemão Johann Gutenberg no século XV.
O nome imprensa remete, nos dias atuais, quase que automaticamente às instituições de divulgação de notícias e opiniões sobre fatos cotidianos, isto é: aos jornais e revistas especializados, sejam diários, semanários ou mensários. Esse nome, entretanto, designa, originariamente, um tipo de dispositivo técnico capaz de reproduzir palavras, frases, textos ou mesmo livros inteiros através de caracteres ou tipos móveis. Esse dispositivo foi inventado por Gutenberg na década de 1430.
Durante milênios a escrita restringia-se a modos de réplica muito limitados, como as tabuinhas com escrita cuneiforme dos povos sumérios, os papiros egípcios, os ideogramas chineses, entre outras variadas formas de reprodução, cujo acesso era restrito a pequenos grupos de pessoas, geralmente escribas. Apenas com a invenção de Gutenberg a propagação de livros, como a Bíblia – o primeiro dos livros inteiros publicados pela técnica da imprensa –, passou a ficar intensa. Isso se dava, fundamentalmente, em razão da facilidade que havia na reprodução dos textos. Não era necessário copiar à mão palava por palavra como se fazia até então. Fazia-se um molde com os caracteres móveis e, a partir dele, imprimiam-se quantas cópias o estoque de tinta à base de óleo suportasse. O nome que passou a ser dado ao conjunto de papéis impressos em caracteres móveis foi códice, do latim codex.Modelo da máquina de impressão inventada por Gutenberg no século XV
Como dito acima, o primeiro livro impresso foi a Bíblia, em idioma vernáculo (em alemão). Esse fato foi de fundamental importância à Reforma Protestante, que se desenrolou no século XVI, haja vista que até então a Bíblia era lida em latim e sua circulação não era tão grande tal como passaria a ser a partir da invenção da imprensa.
O historiador francês Roger Chartier, um dos grandes estudiosos da história do livro e da leitura, destacou que a invenção de Gutenberg foi tão revolucionária que só pode ser comparada à invenção do computador e da reprodução digital da escrita, como pode ser verificado no trecho a seguir:
“Minha primeira pergunta será a seguinte: como, na longa história do livro e da relação ao escrito, situar a revolução anunciada, mas, na verdade, já iniciada, que se passa do livro (ou do objeto escrito), tal qual o conhecemos, com seus cadernos, folhetos, páginas, para o texto eletrônico e a leitura num monitor? […] A primeira revolução é técnica: ela modifica totalmente, nos meados do século XV, os modos de reprodução dos textos e de produção dos livros. Com os caracteres móveis e a prensa de imprimir, a cópia manuscrita deixa de ser o único recurso disponível para assegurar a multiplicação e a circulação dos textos.” (CHARTIER, Roger. Do códige ao monitor: a trajetória do escrito. Estud. av. 1994, vol.8, n.21, pp. 185-199. ISSN 0103-4014.)
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Quando se estuda o período do Renascimento, geralmente se destaca o advento de algumas invenções, tais como o telescópio e o relógio de precisão. Uma dessas invenções que provocaram uma verdadeira revolução no terreno da escrita e da leitura foi a imprensa, isto é, a máquina de impressão tipográfica inventada pelo alemão Johann Gutenberg no século XV.
O nome imprensa remete, nos dias atuais, quase que automaticamente às instituições de divulgação de notícias e opiniões sobre fatos cotidianos, isto é: aos jornais e revistas especializados, sejam diários, semanários ou mensários. Esse nome, entretanto, designa, originariamente, um tipo de dispositivo técnico capaz de reproduzir palavras, frases, textos ou mesmo livros inteiros através de caracteres ou tipos móveis. Esse dispositivo foi inventado por Gutenberg na década de 1430.
Durante milênios a escrita restringia-se a modos de réplica muito limitados, como as tabuinhas com escrita cuneiforme dos povos sumérios, os papiros egípcios, os ideogramas chineses, entre outras variadas formas de reprodução, cujo acesso era restrito a pequenos grupos de pessoas, geralmente escribas. Apenas com a invenção de Gutenberg a propagação de livros, como a Bíblia – o primeiro dos livros inteiros publicados pela técnica da imprensa –, passou a ficar intensa. Isso se dava, fundamentalmente, em razão da facilidade que havia na reprodução dos textos. Não era necessário copiar à mão palava por palavra como se fazia até então. Fazia-se um molde com os caracteres móveis e, a partir dele, imprimiam-se quantas cópias o estoque de tinta à base de óleo suportasse. O nome que passou a ser dado ao conjunto de papéis impressos em caracteres móveis foi códice, do latim codex.Modelo da máquina de impressão inventada por Gutenberg no século XV
Como dito acima, o primeiro livro impresso foi a Bíblia, em idioma vernáculo (em alemão). Esse fato foi de fundamental importância à Reforma Protestante, que se desenrolou no século XVI, haja vista que até então a Bíblia era lida em latim e sua circulação não era tão grande tal como passaria a ser a partir da invenção da imprensa.
O historiador francês Roger Chartier, um dos grandes estudiosos da história do livro e da leitura, destacou que a invenção de Gutenberg foi tão revolucionária que só pode ser comparada à invenção do computador e da reprodução digital da escrita, como pode ser verificado no trecho a seguir:
“Minha primeira pergunta será a seguinte: como, na longa história do livro e da relação ao escrito, situar a revolução anunciada, mas, na verdade, já iniciada, que se passa do livro (ou do objeto escrito), tal qual o conhecemos, com seus cadernos, folhetos, páginas, para o texto eletrônico e a leitura num monitor? […] A primeira revolução é técnica: ela modifica totalmente, nos meados do século XV, os modos de reprodução dos textos e de produção dos livros. Com os caracteres móveis e a prensa de imprimir, a cópia manuscrita deixa de ser o único recurso disponível para assegurar a multiplicação e a circulação dos textos.” (CHARTIER, Roger. Do códige ao monitor: a trajetória do escrito. Estud. av. 1994, vol.8, n.21, pp. 185-199. ISSN 0103-4014.)