Do século XVI ao XIX, africanos escravizados foram trazidos compulsoriamente às Américas e, a despeito de sua condição cativa, deram importante e fundamental contribuição para o Brasil ser o que é hoje. Aqui, foram obrigados a mudar sua maneira de viver, recriando suas identidades e adaptando seus costumes e suas tradições ao novo ambiente. Eram Nagôs, Cassanjes, Haussás, Jejes, Tapas, Bantos, Malês, Daomeanos, entre muitos outros grupos étnicos. Contribuíram nas lavouras com suas técnicas agrícolas, nos engenhos de açúcar, nas minas de ouro e prata, forjando o ferro com suas técnicas metalúrgicas e nas cidades em diferentes ofícios. Além de sua forte influência na língua portuguesa, na vida social, nos movimentos políticos de contestação ao sistema escravista, na culinária, etc, Tornaram-se, portanto, em sujeitos determinantes no processo de miscigenação que nos legou uma diversidade étnica muito representativa do povo brasileiro.

REIS JUNIOR, Antônio. Texto publicado na Coletânea de História e Geografia da Escola Alecrim

O texto acima descreve, brevemente, a diversidade de grupos étnicos africanos e sua contribuição na formação do povo e da sociedade brasileira. Sobre esse processo histórico podemos afirmar que:


1- a existência de uma pluralidade de grupos étnicos que integraram e compuseram a sociedade brasileira é atribuída ao fenômeno histórico da diáspora afro-americana que pode ser definida, sucintamente, pelo movimento de dispersão e recriação identitária de africanos nas Américas;

2- a condição cativa dos africanos, compulsoriamente comercializados para as Américas, permitiu aos diferentes grupos étnicos a manifestação de sua cultura e conseqüente contribuição à sociedade brasileira, a despeito de terem sido sujeitados a condição de mercadoria, tornando-se máquinas de trabalho;
3- entre toda a diversidade de grupos étnicos que foram comercializados ao Brasil por traficantes portugueses e luso-brasileiros, houve a predominância do grupo Iorubá-Nagô em detrimento de outros grupos étnicos, como os Bantos, que não exerceram influência considerável na formação do povo brasileiro;
4 - a participação de africanos escravizados e libertos nos movimentos de resistência a escravidão, seja pela negociação ou pelo conflito, foram fundamentais na contestação do sistema escravista que enfrentou fortes abalos em revoltas e levantes desde o século XVI até o século XIX;
5 - a sujeição dos africanos escravizados no Brasil os obrigou a adotarem a língua, religião e comportamento de seus senhores, fato que acarretou uma uniformização da cultura afro-brasileira e não permitiu uma efetiva contribuição de seu legado na formação do povo brasileiro.
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