Phillyppy
Partindo de um estudo psicanalítico sobre as psicoses, tomamos a autobiografia de Hitler e o nazismo como fenômeno desde aí causado. Sabemos que o nazismo, por ser um fazer de pura palavra, se aproximou, em seu auge, ao que é o fazer comum, a vida cotidiana. No curto espaço de tempo histórico dessa eficácia, vigorou na Alemanha o estado de coisas que levou a nação à sua Spaltung, sua esquize.
O nazismo deve entender como o último fenômeno de globalização acontecido depois da Inquisição. Após, engendrou-se no global a Guerra Fria dos "ismos". As idealizações sobre a condição humana deram na mesma de sempre: guerras. Parece que somos compelidos a deixar a palavra de lado e nos lançar no ato da guerra. Lá, o barulho das armas ensurdece o ser falante. A violência urbana é a individuação deste processo totalizante.
A questão que se coloca para nós é o que este "novo processo mundial" da dita globalização nos diz, na medida em que se deixa escutar. Entremos em suas falas através de sua falha constituinte. Nossa vantagem está na escuta dessa fala que diz que o global não tem falha, não tem erro... O inconsciente encarna a heterogeneidade radical.
Esse modo de falar do ideal é um fenômeno de influência, é hipnótico para as massas, que pensam em imagens, e primitivo na vida mental. Domina o funcionamento do aparelho psíquico em seu registro do imaginário. Freud o denominou sugestão, aquilo que forma o mundo da satisfação ideal do eu.
A teoria da raça pura, em desuso, era uma teoria globalizante, onde o domínio do mundo através da dissolução de um anterior é levado a termo pela guerra mundial.
Aqui no Brasil nós mesmos temos uma idéia globalizada de que somos uma nação ideal e que vivemos numa sociedade sem segregações, por sermos um povo miscigenado. É o ponto cego de vista. É só disto que a elite, mais unida do que nunca em torno de um ideal econômico, necessita para segregar.
A imagem da "democracia racial", "cadinho de raças", vem do exterior para se incorporar ao nosso cotidiano. Era uma visão européia, colonizante. Hitler também não era alemão. Esse modelo ideal da imagem de si dos brasileiros é uma deturpação absoluta promovida por uma leitura falaciosa dos escritos de Charles Darwin, que permaneceu vivendo no nosso país 8 meses no século XIX, na enseada de Botafogo no Rio. Foi aqui que encontrou a prova real que precisava para provar a teoria da seleção natural, que demonstra o caráter variável da raça humana e como isso é uma função na evolução das espécies. Está escrito em sua obra "A origem do homem".
A "democracia racial" é o equívoco estrutural em que nos encontramos. No nível da angústia social, que estabelece laços de família, da pátria e da nação, enfim, da cidadania, não temos uma direção esclarecida dos governantes.
É o que se pode chamar em psicanálise de crença. É imposta desde sempre na teoria do branqueamento. Um efeito disso está nos questionários do censo do IBGE, onde lemos uma recusa do povo a se dizer não branco.
A longa história do analfabetismo no Brasil e o descaso com a educação infantil são sintomas patológicos que se agravaram a ponto da alienação total. A recusa de alguém em permanecer preso a uma cidadania degradada é considerada provocação, o que caracteriza legalmente a segregação. Mas a justiça não funciona nesse âmbito. É lógico, pois é fundada no sistema de castas, segregatório em sua essência. Com a exclusão da lei desvela-se o fator letal do amor ao próximo.
São todos esses fenômenos globalizantes. A falha lógica da fundação desse fenômeno está justamente na sua eficácia exclusiva. Exclui aquele que resiste e não se globaliza. É puro efeito de discurso. Causa o que Luís Fernando Veríssimo denomina de "bomba demográfica com planos genocidas" (J.B. 14/03/97).
Freud, no texto sobre o narcisismo (1914), diz que isso é a parafrenia, uma psicose. Esse conceito foi negligenciado desde então, ano da Grande Guerra, a guerra para acabar com todas as guerras. Era caso raro. Hitler é o paradigma do parafrênico. Era um frenético, assim como seus fãs.
Ficamos esclarecidos que nessa globalização migram cada vez mais bens entre cada vez menos gente. "Gente? Tudo migra menos gente!", argumentam os supostos globalizantes.
A globalização é um processo de concentração que, ao inverso do nazismo, exclui a massa. O "imperativo tecnológico" (Celso Furtado, J.B. 9/03/97), vem para velar o lugar da falha no ideal e desarticula pela ação militar os mecanismos de regulação da ação humana. Assim como no nazismo.
Será o nazismo uma forma supostamente ultrapassada de holocausto? É a pergunta do psicanalista francês Jaques Lacan, expulso da sociedade internacional de psicanálise da época, ao se referir ao nosso futuro de mercados comuns, já em 1967. Fundou sua própria escola que hoje, após 16 anos de seu desaparecimento, quer se globalizar como a "escola mundial de psicanálise". Certamente são ideais atuais
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O nazismo deve entender como o último fenômeno de globalização acontecido depois da Inquisição. Após, engendrou-se no global a Guerra Fria dos "ismos". As idealizações sobre a condição humana deram na mesma de sempre: guerras. Parece que somos compelidos a deixar a palavra de lado e nos lançar no ato da guerra. Lá, o barulho das armas ensurdece o ser falante. A violência urbana é a individuação deste processo totalizante.
A questão que se coloca para nós é o que este "novo processo mundial" da dita globalização nos diz, na medida em que se deixa escutar. Entremos em suas falas através de sua falha constituinte. Nossa vantagem está na escuta dessa fala que diz que o global não tem falha, não tem erro... O inconsciente encarna a heterogeneidade radical.
Esse modo de falar do ideal é um fenômeno de influência, é hipnótico para as massas, que pensam em imagens, e primitivo na vida mental. Domina o funcionamento do aparelho psíquico em seu registro do imaginário. Freud o denominou sugestão, aquilo que forma o mundo da satisfação ideal do eu.
A teoria da raça pura, em desuso, era uma teoria globalizante, onde o domínio do mundo através da dissolução de um anterior é levado a termo pela guerra mundial.
Aqui no Brasil nós mesmos temos uma idéia globalizada de que somos uma nação ideal e que vivemos numa sociedade sem segregações, por sermos um povo miscigenado. É o ponto cego de vista. É só disto que a elite, mais unida do que nunca em torno de um ideal econômico, necessita para segregar.
A imagem da "democracia racial", "cadinho de raças", vem do exterior para se incorporar ao nosso cotidiano. Era uma visão européia, colonizante. Hitler também não era alemão. Esse modelo ideal da imagem de si dos brasileiros é uma deturpação absoluta promovida por uma leitura falaciosa dos escritos de Charles Darwin, que permaneceu vivendo no nosso país 8 meses no século XIX, na enseada de Botafogo no Rio. Foi aqui que encontrou a prova real que precisava para provar a teoria da seleção natural, que demonstra o caráter variável da raça humana e como isso é uma função na evolução das espécies. Está escrito em sua obra "A origem do homem".
A "democracia racial" é o equívoco estrutural em que nos encontramos. No nível da angústia social, que estabelece laços de família, da pátria e da nação, enfim, da cidadania, não temos uma direção esclarecida dos governantes.
É o que se pode chamar em psicanálise de crença. É imposta desde sempre na teoria do branqueamento. Um efeito disso está nos questionários do censo do IBGE, onde lemos uma recusa do povo a se dizer não branco.
A longa história do analfabetismo no Brasil e o descaso com a educação infantil são sintomas patológicos que se agravaram a ponto da alienação total. A recusa de alguém em permanecer preso a uma cidadania degradada é considerada provocação, o que caracteriza legalmente a segregação. Mas a justiça não funciona nesse âmbito. É lógico, pois é fundada no sistema de castas, segregatório em sua essência. Com a exclusão da lei desvela-se o fator letal do amor ao próximo.
São todos esses fenômenos globalizantes. A falha lógica da fundação desse fenômeno está justamente na sua eficácia exclusiva. Exclui aquele que resiste e não se globaliza. É puro efeito de discurso. Causa o que Luís Fernando Veríssimo denomina de "bomba demográfica com planos genocidas" (J.B. 14/03/97).
Freud, no texto sobre o narcisismo (1914), diz que isso é a parafrenia, uma psicose. Esse conceito foi negligenciado desde então, ano da Grande Guerra, a guerra para acabar com todas as guerras. Era caso raro. Hitler é o paradigma do parafrênico. Era um frenético, assim como seus fãs.
Ficamos esclarecidos que nessa globalização migram cada vez mais bens entre cada vez menos gente. "Gente? Tudo migra menos gente!", argumentam os supostos globalizantes.
A globalização é um processo de concentração que, ao inverso do nazismo, exclui a massa. O "imperativo tecnológico" (Celso Furtado, J.B. 9/03/97), vem para velar o lugar da falha no ideal e desarticula pela ação militar os mecanismos de regulação da ação humana. Assim como no nazismo.
Será o nazismo uma forma supostamente ultrapassada de holocausto? É a pergunta do psicanalista francês Jaques Lacan, expulso da sociedade internacional de psicanálise da época, ao se referir ao nosso futuro de mercados comuns, já em 1967. Fundou sua própria escola que hoje, após 16 anos de seu desaparecimento, quer se globalizar como a "escola mundial de psicanálise". Certamente são ideais atuais
kisses :p