Por favor me ajudem. Faz o comentário o que vc entendeu.A LUA DE LI PO
Há mil e duzentos anos, morria na China o poeta Li Po. Seu nome e o de Tu Fu resumem a glória da poesia chinesa no século VIII; e o próprio Tu Fu, que alguns consideram o maior dos dois, considerava-o, a ele, o maior de todos.
Dizem que Li Po morreu afogado, tentando abraçar a lua. Se a versão não for historicamente verdadeira, tem, pelo menos, o valor de encerrar com um fecho poético uma existência que, de longe, parece flutuar como um véu entre as águas e o luar, mais atenta à beleza geral do universo que às vantagens particulares do mundo.
Todos conhecem o poema em que Li Po cria, na solidão, um grupo de três amigos: ele, a sua sombra e a lua. Ao contrário do que acontece com os amigos humanos, que se separam depois de beber, com a sua sombra e a lua o poeta se sentia numa união inseparável:”nossos encontros” – dizia – “são na Via-Láctea”.
Em quase todos os seus poemas, a lua aparece, clara e próxima, como se realmente fossem dois companheiros de mãos dadas, entre jardins e lagos, palácios, montanhas e rios. “O luar é como neve ao longo do muro da cidade…” “O arco da ponte parece a lua crescente…”
Nas águas do lago, a lua é embalada com a canção das flores, e o poeta entristece, achando os remos de seu barco inoportunos:
O lago Nan-hu embala a lua de outono
que se reflete na sua água verde.
O ruído dos meus remos interrompeu
o hino de amor
que os nenúfares cantavam à lua.
A lua aparece-lhe no jardim juncado de flores de pessegueiros; a lua aparece-lhe nas ruínas dos palácios:
Hoje, a lua de Si-Kiang é a única dançarina a bailar salas por onde deslizaram tantas mulheres formosas.
Li Po, que viveu algum tempo na corte, onde o seu mérito era reconhecido, foi afastado por intrigas, e houve, certamente, melancolia em sua vida. Mas o vinho e a lua dissipavam-lhe as amarguras:
Já que a vida é ilusória como um sonho,
por que nos atormentaremos?
Prefiro beber até cair.
Foi o que ontem fiz.
Ao acordar, olhei ao redor.
Um pássaro gorjeava entre as flores.
Roguei-lhe me informasse
sobre a estação do ano
e ele me respondeu
que estávamos na época em que a primavera
faz cantar os pássaros.
Como eu já ia me enternecendo,
Recomecei a beber,
Cantei até a lua chegar
E de novo tornei a perder a noção das coisas.
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