PRECISO DE UM PEQUENO RESUMO DESSE TEXTO.Diferentes culturas na colonizaçãoA modernidade também foi o período da expansão marítima europeia e da colonização de outros continentes. Os europeus, então, depararam-se com culturas inteiramente distintas das que conheciam e, mais do que isso, precisaram justificar a dominação e a exploração que exerceram sobre elas. Foi aí que o ideal de razão desempenhou um de seus papéis mais problemáticos. A distinção e a hierarquização entre diferentes seres humanos de acordo com um suposto grau de racionalidade foram usadas para justificar a dominação dos povos "menos racionais" pelos "mais racionais", que se consideravam benfeitores por difundir o "progresso". Contudo, diante desse uso dos ideais de razão e de progresso, poderíamos nos perguntar: o Ocidente estava certo ao considerar sua civilização mais racional e desenvolvida que as outras? A razão seria, por definição, uma herança e uma conquista ocidental? Pode-se argumentar que a própria ideia de Ocidente e de uma diferenciação radical entre os povos ocidentais e os demais foi construída pelos povos europeus, que se compreendiam em contraponto a um "Oriente" que seria o "outro", o "diferente". Nessa medida, o termo Ocidente pode ser problema- tizado. Essa ideia será mais bem desenvolvida no próximo tópico. 3. Outras lógicas, outras racionalidades, outros poderesPara justificar a ideia de que a racionalidade do Ocidente é maior do que a de outros locais do planeta, afirma-se que a única origem da filosofia é a Grécia, com filósofos como Platão (c. 428- -347 a.C.) e Aristóteles. Esse ponto de vista tornou-se predominante por influência, principalmente, do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831).De acordo com Hegel, o desenvolvimento da filosofia é fundamental e inseparável da noção de razão e do ideal de racionalidade; por isso, seria impossível reconhecer em outras civilizações um desenvolvimento racional semelhante ao ocorrido no Ocidente. Outras culturas não teriam desen- volvido um pensamento lógico, ou seja, uma estrutura argumentativa que servisse de base para o debate racional de ideias.Esse tipo de argumento, porém, parece conter o que o intelectual palestino Edward Said chamou de orientalismo, ou seja, a projeção no Oriente da imagem invertida do Ocidente: os ocidentais se consideraram racionais, lógicos e civilizados e projetaram nos povos orientais a irracionalidade, a ausência de lógica e a incivilização. Essa projeção funcionou como justificativa para os ocidentais invadirem, dominarem e colonizarem povos de culturas distintas das suas. A respeito da hegemonia cultural europeia, Said afirma que:"O orientalismo nunca está longe daquilo que Denys Hay chamou de ideia da Europa, uma noção coletiva que iden- tifica a 'nós' europeus em contraste com todos aqueles' não europeus, e de fato pode ser argumentado que o princi- pal componente na cultura europeia é precisamente o que torna essa cultura hegemônica tanto na Europa quanto fora dela: a ideia da identidade europeia como sendo superior em comparação com todos os povos e culturas não europeus".​
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Preciso de um pequeno resumo desse texto.O CONTATO COM O OUTRO E A NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO Como vimos, o Ocidente, ao se confrontar com o outro, não o "descobriu" como ser irracional, ilógico e "primitivo", mas o encobriu, calando-o. Por isso, o filósofo contempo- râneo Enrique Dussel afirma que a modernidade, época em que se tomou como ideal uma razão universalmente válida para todos, teria começado em 1492, com a chegada dos europeus à América, pois, após esse evento, a Europa teria adquirido uma posição predominante no globo por meio da exploração ostensiva de suas colônias. Ainda de acordo com Dussel, por meio dessa reconfiguração histórica radical, que levou à articulação de um sistema global de poder, a Europa se entendeu na posição de autoridade e de cultura universal, capaz de fornecer padrões de racionalidade e valores que deveriam ser seguidos pelas demais culturas. Ao mesmo tempo que encobriu por muito tempo o outro, contudo, o colonialismo europeu possibilitou o contato entre diferentes culturas. Tal contato possibilitou o questionamento de uma suposta universalidade da racionalidade europeia e de seu modo de compreender a razão, o ser humano, a cultura e a natureza.Revelou aos ocidentais, por exemplo, o ubuntu- o conceito de ser humano defendi- do por determinadas tradições africanas -, que enfatiza a ideia de que só é possível ser humano em relação a outros seres humanos, ou seja, que a condição humana depende fundamentalmente da relação do indivíduo com sua comunidade, não sendo algo que o indivíduo tem em si mesmo de maneira isolada. Trata-se de uma instigante contrapartida à concepção moderna de que a humanidade seria uma característica própria ao indivíduo tomado isoladamente, independentemente de sua relação com os demais seres huma- nos. A respeito da filosofia ubuntu, o filósofo sul-africano Mogobe Ramose afirma que: "[...] ser um humano é afirmar sua humanidade por reconhecimento da humani- dade de outros e, sobre estas bases, estabelecer relações humanas com os outros. Ubuntu, entendido como ser humano (humanidade); um humano, respeitável e de atitudes cortesas para com outros [...]. Ubu-ntu, então, não apenas descreve uma condição de ser [...], mas também é o reconhecimento do vir a ser [...]. Em outras palavras, ser humano não é suficiente. Se é intimado, e sim, coman- dado como se fosse para realmente tornar-se um ser humano".​
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PRECISO DE UM PEQUENO RESUMO DESSE TEXTO. Diferentes culturas na colonizaçãoA modernidade também foi o período da expansão marítima europeia e da colonização de outros continentes. Os europeus, então, depararam-se com culturas inteiramente distintas das que conheciam e, mais do que isso, precisaram justificar a dominação e a exploração que exerceram sobre elas. Foi aí que o ideal de razão desempenhou um de seus papéis mais problemáticos. A distinção e a hierarquização entre diferentes seres humanos de acordo com um suposto grau de racionalidade foram usadas para justificar a dominação dos povos "menos racionais" pelos "mais racionais", que se consideravam benfeitores por difundir o "progresso". Contudo, diante desse uso dos ideais de razão e de progresso, poderíamos nos perguntar: o Ocidente estava certo ao considerar sua civilização mais racional e desenvolvida que as outras? A razão seria, por definição, uma herança e uma conquista ocidental? Pode-se argumentar que a própria ideia de Ocidente e de uma diferenciação radical entre os povos ocidentais e os demais foi construída pelos povos europeus, que se compreendiam em contraponto a um "Oriente" que seria o "outro", o "diferente". Nessa medida, o termo Ocidente pode ser problema- tizado. Essa ideia será mais bem desenvolvida no próximo tópico. 3. Outras lógicas, outras racionalidades, outros poderes Para justificar a ideia de que a racionalidade do Ocidente é maior do que a de outros locais do planeta, afirma-se que a única origem da filosofia é a Grécia, com filósofos como Platão (c. 428- -347 a.C.) e Aristóteles. Esse ponto de vista tornou-se predominante por influência, principalmente, do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). De acordo com Hegel, o desenvolvimento da filosofia é fundamental e inseparável da noção de razão e do ideal de racionalidade; por isso, seria impossível reconhecer em outras civilizações um desenvolvimento racional semelhante ao ocorrido no Ocidente. Outras culturas não teriam desen- volvido um pensamento lógico, ou seja, uma estrutura argumentativa que servisse de base para o debate racional de ideias.Esse tipo de argumento, porém, parece conter o que o intelectual palestino Edward Said chamou de orientalismo, ou seja, a projeção no Oriente da imagem invertida do Ocidente: os ocidentais se consideraram racionais, lógicos e civilizados e projetaram nos povos orientais a irracionalidade, a ausência de lógica e a incivilização. Essa projeção funcionou como justificativa para os ocidentais invadirem, dominarem e colonizarem povos de culturas distintas das suas. A respeito da hegemonia cultural europeia, Said afirma que: "O orientalismo nunca está longe daquilo que Denys Hay chamou de ideia da Europa, uma noção coletiva que iden- tifica a 'nós' europeus em contraste com todos aqueles' não europeus, e de fato pode ser argumentado que o princi- pal componente na cultura europeia é precisamente o que torna essa cultura hegemônica tanto na Europa quanto fora dela: a ideia da identidade europeia como sendo superior em comparação com todos os povos e culturas não europeus".​
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Preciso de um pequeno resumo desse texto. Voltando ao silogismo aristotélico, é possível afirmar que ele fornece menos instrumentos para persuadir o interlocutor a respeito da verdade das premissas nele utilizadas, diferentemente do silo- gismo da escola Nyâya, que o faz sobretudo na terceira parte do argumento, o "exemplo".Será que isso significa que a estrutura argumentativa desenvolvida na India é melhor ou mais racional que a aristotélica? Talvez a pergunta deva ser alterada: faz sentido pensar utilizando ter- mos como melhor ou pior e não considerar as vantagens e as desvantagens de cada silogismo? Afinal, do ponto de vista formal, ou seja, considerando a ligação entre as premissas, o silogismo aristo- télico parece mais convincente que o da escola Nyaya. Em contrapartida, desconsiderando a validade formal, o silogismo da escola Nyâya parece ser mais convincente da verdade de suas premissas. O mais importante a extrair disso, portanto, é a ideia de que não há oposição entre o pensamento ocidental "racional" e o pensamento oriental "irracional", mas racionalidades diferentes. Desse modo, não faz sentido supor que a razão se desenvolveu no Ocidente e não em outras culturas, pois ela se constitulu diferentemente em cada uma delas, de acordo com suas respectivas histórias e contextos. Os moístasNa China, a lógica foi desenvolvida pelos molstas. Esse nome é derivado de Mo Ti (século V a.C.), o fundador da escola de pensamento de que faziam parte. Mo Ti pregava o amor universal entre os seres humanos, criticava a guerra e pensava em estratégias de defesa para evitar que os povos fossem oprimidos. Ao estudar tais estratégias e fortificações, os moistas passaram a se interessar por assuntos relacionados à mecánica e à ótica, desenvolvendo uma inclinação pela ciência experimental. Além disso, eles analisavam o funcionamento da mente ao observar fatos e as noções de causa e efeito, aproximando-se de importantes processos de argumentação e raciocínio: a dedução (quando se parte do geral para o particular para se chegar a uma conclusão) e a indução (quando se val do particular ao geral). Outro exemplo relevante para colocar em xeque a suposta superioridade racional dos europeus foi fornecido pelo antropólogo e etnólogo francês contemporâneo Pierre Clastres. Ele argumenta que os povos indigenas americanos não desenvolveram uma instituição de poder coercitivo como a ocidental ou seja, o Estado-intencionalmente, pois, para eles, submeter se ao poder do Estado significaria o mesmo que se sujeitar aos arbítrios da natureza. O argumento de Clastres contraria a ideia de que eles eram "primitivos" e não alcançaram o nivel de desenvolvimento racional e social necessário para a formação do Estado.​
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Tal fardo não nos poderia conferir, no entanto, qualquer direito de abusar da sua inferioridade. Pelo contrário, deixávamo-nos guiar por um dever - o de ajudá-la e protegê-la. Assim se justificava a empresa colonial como obra cuja violência, seu corolário, fundamentalmente 'civilizadora' e 'humanitária', era apenas moral. Na maneira de pensar, classificar e imaginar os mundos distantes, o discurso europeu, tanto o erudito como o popular, foi recorrendo a processos de efabula- foi-lhe escapando a coisa que tentava apreender, mantendo com esta uma relação ção. Ao apresentar como reais, certos ou exatos, fatos muitas vezes inventados, fundamentalmente imaginária, mesmo quando a sua pretensão era desenvolver um conhecimento destinado a dá-la a conhecer objetivamente. As características principais desta relação imaginária estão ainda longe de ser esclarecidas, mas os processos graças aos quais o trabalho de efabulação se avolumou, assim como as consequências da sua violência, são, atualmente, assaz conhecidos. Nesse sentido, há poucas coisas a acrescentar. No entanto, se existe objeto e lugar onde esta relação imaginária e a economia ficcional que a sustenta são dadas a ver de um modo mais brutal, distinto e manifesto, é exatamente este signo ao qual se chama negro e, por tabela, o aparente não-lugar a que chamamos África e cuja característica é ser não um nome comum, e muito menos um nome próprio, mas o indício de uma ausência de obra. [...]No decorrer do período atlântico [...], esta pequena província do planeta que é a Europa inscreve-se progressivamente numa posição de comando sobre o resto do mundo. Paralelamente, ao longo do século XVIII, surgem vários discursos sinceros acerca da natureza, da especificidade e das formas dos seres vivos, das qualidades, traços e características dos seres humanos e, até, de populações inteiras, que são especificadas em termos de espécies, gêneros ou de raças classificados ao longo de uma linha vertical. Paradoxalmente, é também a época na qual as pessoas e as culturas co- meçam a ser consideradas individualidades encerradas em si mesmas. Cada comunidade - e até cada povo - é entendida como um corpo coletivo único. Deixava de ser unicamente dotada da sua força própria, para ser a unidade de base de uma história conduzida, assim o cremos, por forças que surgem apenas para aniquilar outras forças, numa luta fatal cujo desenlace só pode ser a liberdade ou a escravatura. O alargamento do horizonte espacial europeu decorre juntamente com o controle e a contração da sua imaginação cultural e histórica e, até, em alguns casos, com um relativo enclausuramento do espírito. Efetivamente, uma vez identificados e classificados os gêneros, as espécies e as raças, nada resta senão indicar através de que diferenças eles se distinguem uns dos outros." MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014. p. 26-30, 37-38. Questões 1. Indique expressões do texto que mostram que os africanos eram desuma- nizados pelos europeus.2. Identifique o mecanismo utilizado para justificar o colonialismo como uma missão humanitária. 3. Explique por que a ideia de raça contribuiu para o estabelecimento do domínio europeu. 4. Ao definir a relação do Ocidente com a África, o autor argumenta que o negro e a África não são entendidos como algo, mas como uma ausência, um vazio. Você concorda com essa afirmação do autor? Reflita a respeito da quantidade de obras e autores africanos que você conhece para responder à questão.​
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