cledson2017Cabanagem: a revolta social no Pará28 de setembro de 2014Lúcio Flávio Pinto
Este primeiro texto é de 1978. Foi publicado na edição especial de aniversário de O Liberal daquele ano, em 15 de novembro. Nessa época eu era responsável por tais edições, sempre tratando de um tema relevante da história ou da conjuntura do Pará e da Amazônia. Reproduzirei outros textos da edição, que era dedicada ao processo político do Estado, com ênfase nas eleições, que eram então realizadas nessa data.
O Pará foi a primeira província brasileira a aderir às ideias da revolução constitucionalista do Porto, apenas seis meses depois que o movimento irrompeu em Portugal. Mas foi também a última província a aderir à independência nacional. Apesar disso, a dominação portuguesa permaneceu praticamente inalterada até 1835, quando eclodiu a Cabanagem, a mais sangrenta insurreição do império, o mais importante movimento popular da história do Brasil.
A participação da representação paraense nas cortes, em 1821, era tão flagrantemente a favor de Portugal e contra os interesses brasileiros que Fernandes Thomaz, o homem mais influente da política portuguesa, propôs que o Pará deixasse de ser capitania e se transformasse em província de Portugal, “pois se imensa distância nos separa, o amor fraternal, a igualdade de sentimentos nos unem estreitamente”.
Sugeriu ainda que fossem considerados beneméritos da pátria todos os que “tivessem concorrido para a regeneração do Pará”. A intenção real era promover a recolonização, já que, transformadas em províncias, as capitanias brasileiras poderiam ser regulamentadas pela maioria parlamentar portuguesa.
Mas nem era necessário recorrer aos portugueses natos para alcançar esse objetivo. Os representantes parlamentares paraenses na época da independência, dom Romualdo de Souza e Francisco de Souza Moreira, especialmente o primeiro, foram considerados pelo historiador José Honório Rodrigues como exemplos “da mais completa traição ao Brasil, da fidelidade mais absoluta às Cortes, da submissão total a Portugal”
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Este primeiro texto é de 1978. Foi publicado na edição especial de aniversário de O Liberal daquele ano, em 15 de novembro. Nessa época eu era responsável por tais edições, sempre tratando de um tema relevante da história ou da conjuntura do Pará e da Amazônia. Reproduzirei outros textos da edição, que era dedicada ao processo político do Estado, com ênfase nas eleições, que eram então realizadas nessa data.
O Pará foi a primeira província brasileira a aderir às ideias da revolução constitucionalista do Porto, apenas seis meses depois que o movimento irrompeu em Portugal. Mas foi também a última província a aderir à independência nacional. Apesar disso, a dominação portuguesa permaneceu praticamente inalterada até 1835, quando eclodiu a Cabanagem, a mais sangrenta insurreição do império, o mais importante movimento popular da história do Brasil.
A participação da representação paraense nas cortes, em 1821, era tão flagrantemente a favor de Portugal e contra os interesses brasileiros que Fernandes Thomaz, o homem mais influente da política portuguesa, propôs que o Pará deixasse de ser capitania e se transformasse em província de Portugal, “pois se imensa distância nos separa, o amor fraternal, a igualdade de sentimentos nos unem estreitamente”.
Sugeriu ainda que fossem considerados beneméritos da pátria todos os que “tivessem concorrido para a regeneração do Pará”. A intenção real era promover a recolonização, já que, transformadas em províncias, as capitanias brasileiras poderiam ser regulamentadas pela maioria parlamentar portuguesa.
Mas nem era necessário recorrer aos portugueses natos para alcançar esse objetivo. Os representantes parlamentares paraenses na época da independência, dom Romualdo de Souza e Francisco de Souza Moreira, especialmente o primeiro, foram considerados pelo historiador José Honório Rodrigues como exemplos “da mais completa traição ao Brasil, da fidelidade mais absoluta às Cortes, da submissão total a Portugal”