Internet aberta e gratuita para todos é uma ideia que ganha força ao redor do mundo. Pessoas comuns, organizações ativistas e governos se mobilizam para que o cadeado no sinal de wi-fi seja aberto de vez
É cada vez mais comum: você está caminhando pela rua e, de repente, seu celular avisa: rede wi-fi disponível. Você tenta acessá-la, mas descobre que precisa de senha. Provavelmente, também já sacou o laptop ou smartphone ao ler o aviso “zona de wi-fi” em um aeroporto, mas caiu em uma página de pagamento. Mesmo sendo uma de nossas principais formas de relacionamento com o mundo hoje, a internet ainda não é livre e irrestrita. Ainda.
A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano — assim como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito. Em meados de maio, voluntários do NYCWireless, grupo que trabalha pela internet aberta em Nova York, instalaram os primeiros roteadores do recém-lançado plano da prefeitura para conectar de vez a cidade. “Chegaremos ao ponto de abertura total do wi-fi”, diz Clotilde Perez, pesquisadora do Observatório de Tendências da USP. “Mas ainda há um caminho a ser feito.”
Até setembro de 2010, 3 vizinhos do bairro Dirceu Arcoverde, o mais populoso de Teresina, Piauí, compartilhavam uma assinatura de banda larga. Como nenhum poderia bancar sozinho a mensalidade de R$ 180, contrataram uma conexão Oi/Velox e dividiam o valor igualmente. Mas a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não gostou. Apreendeu o equipamento e multou em R$ 3 mil o dono da assinatura. A alegação é de que ele havia instalado um provedor de internet ilegal — embora não tivesse lucro. “Em vez de cobrarem o barateamento de preço e uma oferta abundante de banda larga, penalizaram o cidadão que estava se virando para acessar a internet”, diz o cientista político e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Sérgio Amadeu.
Navegar na web não é simples por aqui. Menos de um quarto da população do país tem internet em casa ou no trabalho. Nossa banda larga é uma das mais caras do mundo — média de R$ 70 por 500 MB, enquanto no México sai por menos de R$ 30. No Reino Unido, um pacote de 3 GB custa cerca de R$ 40. Para ajudar a espalhar internet por aí, sem depender do governo ou da iniciativa privada, algumas pessoas têm simplesmente tirado as senhas de seus sinais de wi-fi. “Sou a favor de uma reforma agrária do ar. O espaço eletromagnético é um bem público, comum a todos. Infelizmente, acaba sendo loteado para poucos que podem pagar”, diz a produtora cultural gaúcha Elenara Cariboni Iabel, 47 anos.
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Internet aberta e gratuita para todos é uma ideia que ganha força ao redor do mundo. Pessoas comuns, organizações ativistas e governos se mobilizam para que o cadeado no sinal de wi-fi seja aberto de vez
É cada vez mais comum: você está caminhando pela rua e, de repente, seu celular avisa: rede wi-fi disponível. Você tenta acessá-la, mas descobre que precisa de senha. Provavelmente, também já sacou o laptop ou smartphone ao ler o aviso “zona de wi-fi” em um aeroporto, mas caiu em uma página de pagamento. Mesmo sendo uma de nossas principais formas de relacionamento com o mundo hoje, a internet ainda não é livre e irrestrita. Ainda.
A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano — assim como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito. Em meados de maio, voluntários do NYCWireless, grupo que trabalha pela internet aberta em Nova York, instalaram os primeiros roteadores do recém-lançado plano da prefeitura para conectar de vez a cidade. “Chegaremos ao ponto de abertura total do wi-fi”, diz Clotilde Perez, pesquisadora do Observatório de Tendências da USP. “Mas ainda há um caminho a ser feito.”
Até setembro de 2010, 3 vizinhos do bairro Dirceu Arcoverde, o mais populoso de Teresina, Piauí, compartilhavam uma assinatura de banda larga. Como nenhum poderia bancar sozinho a mensalidade de R$ 180, contrataram uma conexão Oi/Velox e dividiam o valor igualmente. Mas a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não gostou. Apreendeu o equipamento e multou em R$ 3 mil o dono da assinatura. A alegação é de que ele havia instalado um provedor de internet ilegal — embora não tivesse lucro. “Em vez de cobrarem o barateamento de preço e uma oferta abundante de banda larga, penalizaram o cidadão que estava se virando para acessar a internet”, diz o cientista político e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Sérgio Amadeu.
Navegar na web não é simples por aqui. Menos de um quarto da população do país tem internet em casa ou no trabalho. Nossa banda larga é uma das mais caras do mundo — média de R$ 70 por 500 MB, enquanto no México sai por menos de R$ 30. No Reino Unido, um pacote de 3 GB custa cerca de R$ 40. Para ajudar a espalhar internet por aí, sem depender do governo ou da iniciativa privada, algumas pessoas têm simplesmente tirado as senhas de seus sinais de wi-fi. “Sou a favor de uma reforma agrária do ar. O espaço eletromagnético é um bem público, comum a todos. Infelizmente, acaba sendo loteado para poucos que podem pagar”, diz a produtora cultural gaúcha Elenara Cariboni Iabel, 47 anos.
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