Tantas mulheres
Descobrisse ela que a amava com tal furia, estava perdido. A salvaao era fugir e, com a des- culpa da mae doente, afastou-se alguns dias da cidade. Hai tanto tempo, Joao! Pois é, mae. Deixe-me ve-lo, meu filho. Voce esta um homem. Encontrou o quarto arrumado, como no dia em que partira, havia quantos anos? Bebia sozi- nho nos bares, voltava de madrugada para casa. E voce, meu filho? 7- Durma bem, maezinha. s Ganhar a paz na renuncia do amor. Ele, que era de gesto violento, nao tinha coragem de arrancar a faca do coracao? Ah, quanta vergonha na partida, em que havia ido as duas da manha, debaixo de chuva, espiar a janela fechada. Nem sequer chovia ele que chorava. Nao enxugava a lagrima quente no olho, fria no canto da boca. Bem sabia por que era consigo quando o aviao pousou: "Nao se alegre, cara feia, voce foi poupado para morte pior" 9 A maae ali na porta: 10 Meu filho, soube de uma coisa muito triste. Que é, mae? z Voce gosta da mulher de outro. Verdade, Joao? Sao tristes os seus olhos. 15 Iguais aos seus, mae. Bebia no gargalo, jogava paciencia no quarto, lembrou-se de comprar escova de dente. Antes de vestir o paleto, enxergou a mosca sobre as cartas: "Ha que matar essa bichinha". Depois de mata-la, poderia sair. Gentilmente a perseguiu mosca pelo nariz, a lagrima correu do olho," repetia com seus botoes, "nariz da mosca é olho da lagrima" e com o jornal dobrado esmagou a mosca. Narrador a voz que conta a histori
"Era outra bichinha, nao a mesma." Remoendo a duivida, das dez da noite as duas da manha, ainda sem paleto, quando passou pelo sono. "Que foi que me aconteceu" interrogava-se, as maos na cabeca a que ponto me degradei? Chegara a sua vez, fora apanhado. Pensava na amada, o olho perdido num objeto qualquer deixava de ve-lo e o coracao latia no peito. Nao havia perigo; que é o ato gracioso de beijar uma boca, qual a lembranca de urna noite? Sou um homem, com experiencia da vida. Depois, encur ralado no velho sofa de veludo, sem fugir dos olhos acesos a cada fosforo e nunca mais beijar o pequeno seio como quem bebe agua na concha da maco Chovia, ela aninhava-se nos seus bracos, a face tremula das gotas na vidraca. Cada gesto uma descoberta: a maneira de erguer o rosto para o beijo e de sorrir aplacada, depois do beijo. Estendida nua entre as flores desbotadas do sofa: Eu nao gostei de outro... Mentia, bem que ela mentia! Doente de amor. Quero voce. Venha por cima de mim. Nunca mais livre do teu peso. 15 Tenho de voltar, mae. Nao disse que ficaria uma semana? Pois é, maiezinha Por causa do emprego, meu filho? Assunto urgente. Um amigo me chama. Caso de vida ou morte. Nao sei o que se passa comigo. Estou em aflição, tremo sem saber por que. A senhora me ajude, mae. m mau olhado estragou minha vida. Estranho e misterioso, nalo sei o que é. Sem animo para nada. Nao durmo, nao como, pouco falo. Quem sofre é a senhora Sei que ficara preocupada, mas nao deve. Que sera isso, maiezinha? Desespero tao grande que tenho medo. Bem pode ser algu- ma mulher. Tantas passaram pela minha vida


Responda de acordo com o texto Há momentos do conto em que a voz do narrador se mistura com a do protagonista, sem que notemos marcas da presença do discurso direto (aspas,travessão) e do discurso indireto (verbos,dicendi seguidos de conjunções que se, etc.) Como você sabe, tais momentos caracterizam o discurso indireto livre. A) Em que parte do trecho "Encontrou o quarto arruma

Responda de acordo com o texto
Há momentos do conto em que a voz do narrador se mistura com a do protagonista, sem que notemos marcas da presença do discurso direto (aspas,travessão) e do discurso indireto (verbos,dicendi seguidos de conjunções que se, etc.) Como você sabe, tais momentos caracterizam o discurso indireto livre. A) Em que parte do trecho "Encontrou o quarto
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