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7. " Mas a presença de Zezinho, por si só, dinamizou a etapa complementar, deu-LHE caráter, deu-LHE alma, infundiu-LHE dramatismo." o pronome oblíquo LHE refere-se a qual termo da frase?
8." quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar acusava um LÍRICO, UM PLATÔNICO 0 X 0." A escolha de palavras para se referir ao placar sugere que o resultado
(A) decepcionava o público
(B) agradava o público
(C) motivava o público
(D) alegrava o público
9. " .... ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto falante..." que intenção podemos perceber na escolha de palavras do narrador para se referir ao jogador Zizinho?
10."... A pelota não largou Zizinho, a pelota o FAREJAVA e seguia com uma FIDELIDADE DE CADELINHA ao seu dono." Ao empregar os termos "farejava" e "fidelidade de cadelinha" , o narrador decide dar a bola uma condição que não é própria dela, mas que em sua opinião poderia ser-lhe atribuída. que condição é essa?
Quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar acusava um lírico, um platônico 0 x 0. Ora, o empate é o pior resultado do mundo. O torcedor sente-se roubado no dinheiro da entrada e inclinado a chamar os 22 jogadores, o juiz e os bandeirinhas de vigaristas. Acresce o seguinte: — de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0. Essa virgindade desagradável e irredutível do escore já humilhava o público e, ao mesmo tempo, o enfurecia.


Súbito, o alto-falante do estádio se põe a anunciar as duas substituições brasileiras: — entravam Zizinho e Walter. Foi uma transfiguração. Ninguém ligou para Walter, que é um craque, sim, mas sem a tradição, sem a legenda, sem a pompa de um Ziza. O nome que crepitou, que encheu, que inundou todo o espaço acústico do Maracanã foi o do comandante banguense. Imediatamente, cada torcedor tratou de enxugar, no lábio, a baba da impotência, do despeito e da frustração. O placar permanecia empacado no 0 x 0.


Mas já nos sentíamos atravessados pela certeza profética da vitória. Os nossos tórax arriados encheram-se de um ar heroico, estufaram-se como nos anúncios de fortificante.


Eis a verdade: — a partir do momento em que se anunciou Zizinho*, a partida estava automática e fatalmente ganha. Portanto, público, juiz, bandeirinhas e os dois times podiam ter se retirado, podiam ter ido para casa. Pois bem: — veio o jogo. Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha. Nenhum gol, nada. Mas a presença de Zizinho, por si só, dinamizou a etapa complementar, deu-lhe caráter, deu-lhe alma, infundiu-lhe dramatismo. Por outro lado, verificamos ainda uma vez o seguinte: — a bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. Foi o que aconteceu: — a pelota não largou Zizinho, a pelota o farejava e seguia com uma fidelidadede cadelinha ao seu dono. (Sim, amigos: — há na bola uma alma de cachorra.)


No fim de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Zizinho jogava. Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Zizinho triturava os outros ou, ainda, Zizinho afundava os outros numa sombra irremediável. Eis o fato: — a partida foi um show pessoal e intransferível.


E, no entanto, a convocação do formidável jogador suscitara escrúpulos e debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de 34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho mostra o seguinte: — o tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho. Na intimidade da alcova, ninguém se lembraria de pedir à rainha de Sabá, a Cleópatra, uma certidão de nascimento.


Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?


No jogo Brasil x Paraguai, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto-falante, no intervalo.

Em último caso, poderá jogar, de casa, pelo telefone.


* Brasil 3 x 0 Paraguai, 13/11/1955, no Maracanã. Zizinho fez dois gols e deu o passe para Escurinho marcar o seu.

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