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As primeiras estrelas começaram a iluminar o Universo pelo menos 100 milhões de anos depois do que se pensava. Com base em mais uma leva de dados obtidos pelo observatório espacial Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), divulgados ao público nesta quinta-feira, os cientistas calculam que a chamada “época da reionização” teve início aproximadamente 550 milhões de anos depois do Big Bang, a grande explosão que se acredita ter dado origem ao nosso Universo há 13,8 bilhões de anos.
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renatasalbego8O Universo, logo após o seu surgimento, era composto por uma nuvem difusa de hidrogênio e hélio - os dois elementos mais simples - e nada mais. Não havia planetas ou estrelas.Porém, com a influência da força da gravidade, nasceram as primeiras estrelas. Um trio de cientistas do Japão e dos Estados Unidos agora parece ter descoberto como isso aconteceu.A descoberta é produto de uma sofisticadíssima simulação. Com um supercomputador de última geração, a equipe encabeçada por Naoki Yoshida, da Universidade de Nagoya, reproduziu em computador o que teria acontecido no cosmos em seus primeiros anos de vida. Ou melhor, num pequeno pedaço do cosmos, para que coubesse na simulação.O processo exigiu basicamente introduzir as leis da física e as condições conhecidas do universo nessa época e, daí em diante, apenas observar o computador realizando seus cálculos e mostrando como os gases hidrogênio e hélio se comportavam. "É por isso que nos referimos à simulação como ´ab initio´. Por exemplo, não usamos nenhuma equação a priori para o gás. Para uma dada temperatura e densidade, o estado do gás no momento seguinte é determinado por processos microscópicos como reações químicas", explica Yoshida.Qual não foi a satisfação do grupo ao observar que, depois de um tempo, houve aglomeração dos átomos num espaço cada vez mais comprimido - o que os cientistas chamam de protoestrelas. Com um centésimo da massa do Sol, essas protoestrelas devem ter sido as "sementes" ao redor das quais surgiram as primeiras estrelas maduras - astros gigantescos, com massa equivalente a dezenas de sóis como o nosso.Infelizmente, não foi possível conduzir a simulação além da etapa de protoestrela. Isso porque a temperatura sobe muito a partir daí, e se torna cada vez mais necessário tocar a simulação em doses menores de tempo - o que exigiria tempo demais para vê-la se desenrolar diante dos olhos dos cientistas. Afinal, ninguém está disposto a passar milhares de anos vendo o que vai acontecer antes de finalizar o estudo."E claro que há outro obstáculo real - em algum ponto, precisamos implementar a queima nuclear", afirma Yoshida, referindo-se ao processo que faz com que a estrela "acenda" e comece a produzir sua energia.De toda forma, o avanço é gigantesco. Primeiro, porque demonstra como realmente devem ter surgido as primeiras estrelas - astros essenciais para tornar o Universo um lugar verdadeiramente interessante. Afinal, foram elas as fornalhas que produziram em seu interior, durante a queima nuclear, elementos mais pesados, como oxigênio e carbono. São átomos essenciais para a existência de planetas como a Terra e seres vivos como nós.Mas o que talvez seja mais interessante para os cientistas é que essa é a primeira simulação bem-sucedida feita "ab initio" que dá uma pista de como as estrelas nascem. Embora os astrônomos tenham uma idéia vaga de como isso ocorre, os detalhes ainda não estão claros. E tentar simular o surgimento de uma estrela no Universo de hoje é complicado demais; com uma química cósmica mais complexa como a atual, fica difícil incluir tudo numa simulação.
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