O poder monárquico conseguia concentrar recursos para a montagem de exércitos regulares e expedições marítimas, dirigidas por membros da aristocracia e com a participação de elementos da burguesia. Em 1415, o próprio rei D. João comandou uma expedição ao norte da África contra os muçulmanos de Ceuta, dando início à expansão marítima portuguesa. Ao mesmo tempo que abria uma nova fase da história européia, a aventura marítima retomava as motivações básicas da Reconquista e das Cruzadas de tempos passados: combater em nome da fé e obter mais terras e riquezas. Pode-se entender a expansão marítima como uma segunda expansão feudal.
O rico comércio das especiarias e as informações sobre as maravilhas orientais estimulavam os portugueses. Como os mercadores genoveses e venezianos exerciam o monopólio da rota mediterrânea, restava-lhes procurar caminhos alternativos, explorando a costa ocidental da África. O Atlântico, tido até àquela altura como o “Mar Tenebroso”, povoado por monstros e outros perigos, era o grande obstáculo a ser vencido.
As viagens marítimas tornaram-se desde cedo um empreendimento do Estado. O desenvolvimento dos conhecimentos cartográficos, bem como das embarcações e de novas técnicas e instrumentos de navegação, foi permitindo o avanço dos portugueses em direção ao sul do continente africano.
Em 1434, após 15 tentativas sem sucesso, dobraram o cabo Bojador, primeiro grande obstáculo em direção ao sul da África. Tratava-se de uma região que amendrontava os marinheiros pela presença de fortes ondas e de constantes nevoeiros.
Em 1488, o navegador Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul da África, contornando o cabo das Tormentas, denominado, a partir de então, cabo da Boa Esperança. O caminho para os mistérios e as riquezas das Índias estava aberto aos portugueses.
A expansão marítima espanhola
Os espanhóis comemoravam o acontecimento mais importante do ano: a expulsão dos muçulmanos do solo ibérico. Granada, último reduto muçulmano, havia sido tomada. Era a vitória de um cristianismo triunfante. A guerra servia para selar a união dos castelhanos contra os islâmicos. Nela, a religiosidade medieval se misturava ao nascente Estado espanhol.
O ano de 1492 foi marcado também pela “descoberta” da América, cuja importância, porém, só seria reconhecida com o correr do tempo. Se a exaltação do sentimento cristão é fundamental para entender o período, não podemos desprezar o afã do lucro, a ambição pessoal de enriquecer e conseguir um prestígio duradouro. Foi nessa busca, de ouro e prestígio, que partiu Cristóvão Colombo. Pouco antes, Hernando de Talavera, confessor da rainha Isabel, implorara que ela desistisse da expedição, lembrando-lhe que estaria desafiando os limites fixados por Deus para a expansão e desviando os cristãos de sua tarefa mais importante: a reconquista da Terra Santa, Jerusalém.
Achegada de Colombo às Antilhas
A chegada de Colombo às Antilhas em 1492, o sucesso da expedição às Índias, em 1497-1498, comandada por Vasco da Gama, e a descoberta oficial de novas terras americanas por Cabral em 1500 trouxeram novos dramas e personagens ao cenário mundial. Até 1507, as terras do Novo Mundo eram consideradas parte da Ásia. Após essa data, as informações recolhidas por exploradores indicavam tratar-se de um novo continente que começou a ser conhecido como América, em homenagem ao florentino Américo Vespúcio, por suas detalhadas descrições das viagens que realizou às terras que batizou de Novo Mundo.
Na Europa, as rivalidades entre Portugal e Espanha acentuaram-se e acabaram por levar a uma curiosa partilha do mundo, ratificada pelo papa, pela qual todas as demais monarquias européias ficavam excluídas. O rei francês Francisco 1, de forma irônica, alegava desconhecer a cláusula do “testamento de Adão”, que excluía a França das terras do Novo Mundo. Como a inglesa, a monarquia francesa promoveu uma série de incursões aos domínios considerados ibéricos e passou a fazer da pirataria uma forma de se apoderar dos produtos carreados para a Europa.
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O poder monárquico conseguia concentrar recursos para a montagem de exércitos regulares e expedições marítimas,
dirigidas por membros da aristocracia e com a participação de elementos da burguesia.
Em 1415, o próprio rei D. João comandou uma expedição ao norte da África contra os muçulmanos de Ceuta,
dando início à expansão marítima portuguesa. Ao mesmo tempo que abria uma nova fase da história européia, a aventura marítima retomava as motivações básicas da Reconquista e das Cruzadas de tempos passados: combater em nome da fé e obter mais terras e riquezas. Pode-se entender a expansão marítima como uma segunda expansão feudal.
O rico comércio das especiarias e as informações sobre as maravilhas orientais estimulavam os portugueses.
Como os mercadores genoveses e venezianos exerciam o monopólio da rota mediterrânea, restava-lhes procurar
caminhos alternativos, explorando a costa ocidental da África. O Atlântico, tido até àquela altura como o “Mar
Tenebroso”, povoado por monstros e outros perigos, era o grande obstáculo a ser vencido.
As viagens marítimas tornaram-se desde cedo um empreendimento do Estado. O desenvolvimento dos conhecimentos cartográficos, bem como das embarcações e de novas técnicas e instrumentos de navegação, foi permitindo o avanço dos portugueses em direção ao sul do continente africano.
Em 1434, após 15 tentativas sem sucesso, dobraram o cabo Bojador, primeiro grande obstáculo em direção ao
sul da África. Tratava-se de uma região que amendrontava os marinheiros pela presença de fortes ondas e de constantes nevoeiros.
Em 1488, o navegador Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul da África, contornando o cabo das Tormentas,
A expansão marítima espanholadenominado, a partir de então, cabo da Boa Esperança. O caminho para os mistérios e as riquezas das Índias estava
aberto aos portugueses.
Os espanhóis comemoravam o acontecimento mais importante do ano: a expulsão dos muçulmanos do solo ibérico. Granada, último reduto muçulmano, havia sido tomada. Era a vitória de um cristianismo triunfante. A guerra servia para selar a união dos castelhanos contra os islâmicos. Nela, a religiosidade medieval se misturava ao nascente Estado espanhol.
O ano de 1492 foi marcado também pela “descoberta” da América, cuja importância, porém, só seria reconhecida
com o correr do tempo. Se a exaltação do sentimento cristão é fundamental para entender o período, não
podemos desprezar o afã do lucro, a ambição pessoal de enriquecer e conseguir um prestígio duradouro. Foi nessa
busca, de ouro e prestígio, que partiu Cristóvão Colombo. Pouco antes, Hernando de Talavera, confessor da rainha
Isabel, implorara que ela desistisse da expedição, lembrando-lhe que estaria desafiando os limites fixados por Deus
para a expansão e desviando os cristãos de sua tarefa mais importante: a reconquista da Terra Santa, Jerusalém.
A chegada de Colombo às Antilhas em 1492, o sucesso da expedição às Índias, em 1497-1498, comandada
por Vasco da Gama, e a descoberta oficial de novas terras americanas por Cabral em 1500 trouxeram novos dramas
e personagens ao cenário mundial. Até 1507, as terras do Novo Mundo eram consideradas parte da Ásia. Após
essa data, as informações recolhidas por exploradores indicavam tratar-se de um novo continente que começou a
ser conhecido como América, em homenagem ao florentino Américo Vespúcio, por suas detalhadas descrições das
viagens que realizou às terras que batizou de Novo Mundo.
Na Europa, as rivalidades entre Portugal e Espanha acentuaram-se e acabaram por levar a uma curiosa partilha
do mundo, ratificada pelo papa, pela qual todas as demais monarquias européias ficavam excluídas. O rei
francês Francisco 1, de forma irônica, alegava desconhecer a cláusula do “testamento de Adão”, que excluía a
França das terras do Novo Mundo. Como a inglesa, a monarquia francesa promoveu uma série de incursões aos
domínios considerados ibéricos e passou a fazer da pirataria uma forma de se apoderar dos produtos carreados
para a Europa.