No ano corrente, o Ministério Público ajuizou duas ações por improbidade administrativa distintas, uma em desfavor de Carlos, prefeito do Município Alfa, e, outra, em desfavor de Bruno, servidor do Município Beta.
Ambas as ações buscavam a aplicação de penalidade pela prática de atos de improbidade que violam princípios da Administração Pública, com a descrição objetiva dos fatos exigida em lei e apontando a lesividade relevante ao bem jurídico tutelado.
A primeira tem fundamento na negativa, pelo próprio prefeito, de publicidade aos atos oficiais, que não estavam protegidos por sigilo. A segunda ação foi proposta porque Bruno nomeou sua esposa para cargo administrativo em comissão a ele subordinado, no qual ela vinha laborando com afinco.
Diante dessa situação hipotética, considerando a atual redação da Lei nº 8.429/92, assinale a afirmativa correta.
A- Revela-se pertinente o ajuizamento de ambas as ações, sendo imprescindível, em cada caso, a demonstração de dolo, bem como de que a conduta funcional de cada agente público tinha o fim de obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade.
B- A ação ajuizada em desfavor de Carlos é pertinente, mas aquela em desfavor de Bruno não, considerando que, apesar de o nepotismo ser vedado pelo ordenamento, não há previsão no sentido de que sua prática caracteriza ato de improbidade administrativa.
C- Apenas é pertinente a ação ajuizada em desfavor de Bruno, na medida em que a negativa de publicidade aos atos oficiais por Carlos não constitui uma ilegalidade passível de caracterizar ato de improbidade administrativa.
D -Ambas as ações são despropositadas, pois, além da lesividade relevante ao bem jurídico tutelado, é imprescindível o reconhecimento de danos ao erário para a caracterização da improbidade administrativa, o que não ocorreu em nenhum dos casos.
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A afirmativa correta é: D. A Lei nº 8.429/92, conhecida como Lei de Improbidade Administrativa, exige a presença de três elementos para configurar o ato de improbidade: a lesão ao patrimônio público, o enriquecimento ilícito e a violação aos princípios da Administração Pública. A simples nomeação de um familiar para cargo comissionado, por si só, não configura improbidade administrativa.
Improbidade Administrativa: Casos Questionáveis
As ações por improbidade administrativa contra Carlos, prefeito do Município Alfa, e Bruno, servidor do Município Beta, enfrentam requisitos distintos segundo a Lei nº 8.429/92. A ação contra Carlos, baseada na negativa de publicidade a atos oficiais não sigilosos, pode ser inadequada, pois a falta de publicidade, por si só, não caracteriza improbidade.
Já a ação contra Bruno, relacionada à nomeação de sua esposa para cargo comissionado, levanta a questão do nepotismo, que, embora vedado, não é automaticamente considerado ato de improbidade administrativa. Ambas as ações são questionáveis, pois não evidenciam lesão ao erário, enriquecimento ilícito ou violação direta aos princípios administrativos, requisitos essenciais para configurar a improbidade. Portanto, a opção correta é a D.
#SPJ1