Exercício sobre linguagem


vista Ciência Hoje promoveu e publicou um ² debate sobre a causa e a cura das doenças mentais, do ³ qual participaram profissionais ligados à psicanálise e à 4 psiquiatria e à psicofarmacologia. Reproduzimos a 5 resposta de alguns dos participantes à pergunta: “Há 6 cura para doenças mentais?”


7 Jurandir Freire (psicanalista): “A cura, entendida 8 como restabelecimento de um equilíbrio prévio, é uma 9 definição médica, e isso não existe na psiquiatria. A 10 pessoa pode ter uma experiência psicopatológica e sair 11 dela desejando um equilíbrio diferente do que tinha antes. 12 Normalmente, o que entendo por cura? É a abolição dos 13 sintomas que vêm fazendo a pessoa sofrer e, em 14 seguida, a identificação com os próprios ideais, os 15 propósitos de vida ou a busca de equilíbrio e a satisfação 16 efetiva. Nesse aspecto, há códigos psíquicos que são 17 mais complicados de se atingirem; outros, pouco menos. 18 A resposta é sempre singularizada. Quanto à promessa 19 do que podemos fazer, posso ser taxativo. A gente 20 melhora bastante o sofrimento das pessoas que estão 21 atingidas mentalmente. Com o arsenal que temos em 22 neuroclínica, no plano institucional-hospitalar, no 23 atendimento individualizado, conseguimos muitas vezes 24 favorecer a pessoa”.


25Joel Birman (psicanalista): “Na psicanálise, a 26 cura é problemática por causa dessa ideia de restauração 27 do estado anterior ao acontecimento. No estado de 28 perturbação, o sujeito perde sua capacidade de produção 29 de normas, tanto biológicas quanto psíquicas. A função 30 do tratamento nas perturbações psíquicas é restaurar 31 uma certa plasticidade do sujeito, para que ele tenha 32 novamente a possibilidade de novas produções 33 normativas. Tentamos fazer com que ele se torne mais 34 elástico, com maior capacidade de superação dos 35 obstáculos que se impõem, tanto em nível social quanto 36 pessoal.”


37 Marcelo Versiani (psiquiatra): “A ‘cura’, o restitutio 38 ad integrum, na medicina como um todo, apesar 39 de todo o progresso atual, ainda é rara. Isso é 40 particularmente válido para as doenças crônicas, e a 41 maioria dos transtornos mentais se enquadra nessa 42 categoria. Contudo, se considerarmos que, até a década 43 de 70, a maior parte dos transtornos mentais resultava 44 em importantes graus de permanente incapacitação — 45 e isso não é mais verdade —, há motivo para otimismo. 46 Nas depressões e nas diferentes formas de ansiedade, 47 o avanço foi maior. Com o lítio e os antidepressores, 48 obtêm-se remissões em dois terços dos casos. No terço 49 restante, há graus variáveis de melhora. Na esquizofrenia, 50 o quadro, infelizmente, é mais sombrio — diferentes níveis 51 de melhora sim, mas raramente a recuperação total. 52 Essas ‘curas’ ou graus de melhora significativos têm 53 sido obtidos graças à inserção da psiquiatria no modelo 54 médico moderno. Resultados de pesquisa com números 55 representativos de pacientes e metodologia adequada 56 (escalas operacionais de avaliação, entrevistas, 57 diagnósticos computadorizados, métodos duplo-cego 58 com controle placebo etc) têm permitido e corroborado 59 esses avanços terapêuticos.”


Revista Ciência Hoje.


O emprego da expressão “a gente” em “A gente melhora bastante o sofrimento das pessoas que estão atingidas mentalmente.” (Refs. 19-21) denota um tom coloquial, considerado inadequado em um texto escrito mais formal, sobretudo em um contexto científico, por exemplo.


As proposições a seguir constituem exemplos de construções linguísticas, bastante usuais no português falado, mas de aspecto divergente em textos escritos no padrão culto da língua portuguesa não só porque, como no caso apresentado, marcam coloquialismo, mas também porque é avaliado como erros ou desvios gramaticais da norma culta padrão.


Analise os exemplos abaixo quanto à correção gramatical.


I. TINHA muito menos loucos no século passado.


II. (NOS) surpreendemos quando descobrimos a lucidez de alguns loucos.


III. O tratamento (QUE) os doentes mais gostam é o que não envolve internação.


IV. Desconfiamos muito dos loucos; (ENTENDER ELES) é um passo importante para lidar com o problema.


A alternativa em que os termos grifados foram, nessa mesma ordem, substituídos corretamente quanto à correção gramatical é a


a) Havia / Surpreendemos-nos / de que / entender-lhes.

b) Havia / Surpreendemo-nos / de que / entendê-los.

c) Havia / Surpreendemo-nos / em que / entendê-los.

d) Haviam / Surpreendemo-nos / a que / entender-lhes.

e) Haviam / Surpreendemo-nos / com que / entender-los.
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