clemilsoncll
Ascética, a peregrinação exigia abandono voluntário da terra nativa do peregrino. Mais que isso, ela também exigia o completo abandono do modo de vida daquele que partia. Conforme Zumthor (1994, 178 ) o peregrino renunciava a seu trabalho, fonte de seu sustento cotidiano, trocando a segurança e o conforto de seu lar, seu espaço homogêneo, conhecido, familiar, pela heterogeneidade do espaço desconhecido, pelo imponderável. Assim, desde sua partida, o caminhante se transformava a um só tempo em estrangeiro e, de certa forma, também em miserável.
Por vezes motivada por um desejo de cura, outras vezes visando algum logro espiritual, para depois ocorrer devido a votos e promessas ou simplesmente como pagamento por graças conseguidas, as peregrinações normalmente têm em seu âmago alguma motivação relacionada com a fé de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Aos poucos, a peregrinação se tornaria um fenômeno encontrado em praticamente todas as religiões.
Durante a Idade Média, as peregrinações se tornaram como que uma metáfora, relacionando a jornada humana, por um lado, à salvação e, por outro, à busca de Deus e da vida eterna. Assim, enquanto percorria caminhos inóspitos por esse mundo, a pessoa em peregrinação acreditava que também diminuía a distância que a separava de Deus. Concomitantemente, para a cristandade medieval, as peregrinações eram peças importantes à união social, pois, de tão freqüentes, de forma parecida como acontecia com a liturgia, davam uma espécie de sentido de universalidade à sociedade religiosa da época (McGonigle, 1988, 149).
No caso das peregrinações cristãs, elas remontam aos primeiros séculos da Igreja e, originalmente, tinham como ponto de chegada destinos considerados sagrados, como a Terra Santa, por exemplo, onde se encontra o Santo Sepulcro, local que, segundo a fé cristã, Cristo fora sepultado, ressuscitando posteriormente (McGonigle, 1988, 148). Mais tarde, outras localidades, túmulos de Santos, por exemplo, como os de Pedro, Paulo e Tiago, também assumiam o status de locais sagrados, incentivando a existência de um número cada vez maior de peregrinos. Entretanto, de todos os centros medievais de peregrinações, os principais eram mesmo os caminhos que levavam a Roma, a Jerusalém e a Compostela. A própria história das peregrinações da Idade Média Central, sobremodo dos séculos X, XI e XII, pode ser resumida a esses três destinos (Franco Júnior, 1990, 83).
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Por vezes motivada por um desejo de cura, outras vezes visando algum logro espiritual, para depois ocorrer devido a votos e promessas ou simplesmente como pagamento por graças conseguidas, as peregrinações normalmente têm em seu âmago alguma motivação relacionada com a fé de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Aos poucos, a peregrinação se tornaria um fenômeno encontrado em praticamente todas as religiões.
Durante a Idade Média, as peregrinações se tornaram como que uma metáfora, relacionando a jornada humana, por um lado, à salvação e, por outro, à busca de Deus e da vida eterna. Assim, enquanto percorria caminhos inóspitos por esse mundo, a pessoa em peregrinação acreditava que também diminuía a distância que a separava de Deus. Concomitantemente, para a cristandade medieval, as peregrinações eram peças importantes à união social, pois, de tão freqüentes, de forma parecida como acontecia com a liturgia, davam uma espécie de sentido de universalidade à sociedade religiosa da época (McGonigle, 1988, 149).
No caso das peregrinações cristãs, elas remontam aos primeiros séculos da Igreja e, originalmente, tinham como ponto de chegada destinos considerados sagrados, como a Terra Santa, por exemplo, onde se encontra o Santo Sepulcro, local que, segundo a fé cristã, Cristo fora sepultado, ressuscitando posteriormente (McGonigle, 1988, 148). Mais tarde, outras localidades, túmulos de Santos, por exemplo, como os de Pedro, Paulo e Tiago, também assumiam o status de locais sagrados, incentivando a existência de um número cada vez maior de peregrinos. Entretanto, de todos os centros medievais de peregrinações, os principais eram mesmo os caminhos que levavam a Roma, a Jerusalém e a Compostela. A própria história das peregrinações da Idade Média Central, sobremodo dos séculos X, XI e XII, pode ser resumida a esses três destinos (Franco Júnior, 1990, 83).