Leia atentamente o poema abaixo:
“Ai! Se sêsse!... (Zé da Luz)
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
Com relação ao poema “Ai se sêsse”, do poeta Zé da Luz, e seu resgate na contemporaneidade pela banda Cordel do Fogo Encantado, assinale a alternativa INCORRETA:
ALTERNATIVAS
A banda em questão traz para o cenário cultural brasileiro a ideia de resgate da tradição através de expedientes pós-modernos. Entende-se como "expedientes pós-modernos" a questão do hibridismo musical (mescla de várias influências e ritmos diversos), da reescritura a partir de letras/literaturas originais do sertão, da releitura e reinterpretação de uma obra literária e/ou popular, imitando seu estilo da junção de vários elementos díspares formando um todo novo e congruente.
A banda Cordel do Fogo Encantado surgiu na cidade de Arcoverde, sertão de Pernambuco. De lá, trouxe uma série de influências culturais e musicais populares. Entre essas influências está a Poesia Oral Popular, mais conhecida como literatura de cordel; o Coco (ritmo regional que mistura música e dança); o Reisado, que consiste em uma adaptação dramático-coreográfica de romances e cantigas populares; o Toré, conhecido como uma dança e um instrumento de sopro originado dos índios Xucurus; e a batida da Umbanda, herança dos negros em Pernambuco.
Desde a Antiguidade, os poetas eram os responsáveis por manter viva a chama da história de seu povo. Os poetas foram, desde aqueles tempos imemoriais, a voz da raça, quem guardava na recitação das palavras as origens divinas de seu povo, suas lutas, suas conquistas e derrotas. Por ser uma profissão muito bem remunerada desde os primórdios, a profissão de poeta sempre angariou muitos seguidores, sendo sinônimo de riqueza e opulência.
No Brasil, a partir do séc. XVI com a colonização portuguesa, surgiram os poetas e cantadores das feiras que não só cantavam as histórias trazidas pelos marujos portugueses, mas também escreviam versos falando sobre o meio que os circundava, o Nordeste brasileiro. Hoje em dia, mais do que nunca, esses cantadores continuam exercendo com vigor seu ofício de levar ao sertão nordestino versos que falam sobre a dura realidade daquela região e também outros versos que falam de questões caras ao homem, como o amor e a morte.
Nessa poesia, destaca-se o uso coloquial da língua, numa oralidade que aparece nas formas gramaticais como "nois", "drumisse", "assubisse", "juntim", "cum", "tavés", "virgi". Assim, a oralidade surge como forma de expressão escrita e se destaca em todo o poema, resgatando a ideia da diversidade cultural tão característica de nosso país.
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A alternativa incorreta é:A letra C
Veja:
Desde a Antiguidade, os poetas eram os responsáveis por manter viva a chama da história de seu povo. Os poetas foram, desde aqueles tempos imemoriais, a voz da raça, quem guardava na recitação das palavras as origens divinas de seu povo, suas lutas, suas conquistas e derrotas. Por ser uma profissão muito bem remunerada desde os primórdios, a profissão de poeta sempre angariou muitos seguidores, sendo sinônimo de riqueza e opulência.
O erro nessa assertiva está a partir da afirmação de que "poeta" era uma profissão e de que era um exercício bem remunerado.
A atividade de poeta nunca foi sinônimo de riqueza e opulência. Os poetas eram vistos, inicialmente, como aqueles que entretinham as pessoas com as suas produções. Mas ainda sim, não ganhavam muito.
Em nossa literatura, temos vários exemplos de poetas que morreram na pobreza, pois viviam somente dessa "profissão".