Uma palavra em si não tem sentido algum, sem um sujeito que se responsabilize e responda por ela, de acordo com a representação que tal palavra tem para si em sua história particular. O significante é algo contingente que um sujeito toma como necessário. O significado, por sua vez, não é nada mais que o resultado da articulação entre dois significantes que, juntos e por efeito de retroação, produzem um efeito de sentido que irremediavelmente se remete a outro significante.
MACHADO, B. F. V. Saussure, o discurso e o real da língua: entre linguística e psicanálise. Alfa: Revista de Linguística, v. 55, n. 1, p. 271-286, 2011, p. 278.
O texto literário é a construído por meio da articulação da linguagem, seus significados e seus efeitos de sentido, ou seja, se articula, produzem efeito, retroalimenta-se criando novos sentidos diante de novos significantes.
Com base nestas informações, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I – Os Estudos Feministas relevam que a modernidade mesmo baseada em valores de igualdade e democracia cria o sujeito e a identidade da mulher dentro de um contexto que tende a apagar as especifidades de gênero.
PORQUE
II – Há uma orientação, ainda no século XX, de entendimento do sujeito como aquele caracterizado como homem branco, heterossexual, e detentor de propriedades.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
Alternativa 1:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
Alternativa 2:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
Alternativa 3:
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
Alternativa 4:
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
Alternativa 5:
As asserções I e II são proposições falsas.
Lista de comentários
Resposta:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
Explicação:
"(...)“ tais como direitos, igualdade, liberdade, democracia – inicialmente,
tenham instruído muitos dos movimentos feministas de emancipação, o discurso humanista da teoria moderna, juntamente com
suas noções de Sujeito e Identidade intrinsecamente essencialistas,
fundacionalistas e universalistas, tendeu a apagar as especificidades
(de gênero, de classe, de raça, de etnia e de orientação sexual etc.)
dos diferentes sujeitos que ocupavam outras fronteiras políticas que
aquelas do homem branco, heterossexual e detentor de propriedades.
Esses novos olhares críticos marcaram a noção de sujeito por identidades, particularidades universais, isto é, à medida que se universalizava as características do
homem branco, heterossexual e dominador, essa categorização tornava-se uma
norma opressora para grupos minoritários, invisíveis ou ausentes da discussão
presente nos estudos culturais, conforme classifica Joan Scott (1990)"
a visão “padronizada” do homem branco ocidental já não responde aos anseios
dos estudos literários desde a segunda metade do século XX. pag 151.