Quais os caminhos para regular as redes sociais?
Problema nas plataformas são os algoritmos de amplificação, que decidem quais postagens aparecem e em que ordem

1 Um dos grandes dramas que recaem sobre legisladores atentos é o de como regular as redes sociais. As próprias grandes companhias desejam regras mais claras sobre o que pode e não pode. Mas não há muita gente que entende tanto das leis quanto da tecnologia envolvida que tenha se debruçado sobre o problema. Uma dessas pessoas é Daphne Keller, ex-advogada do Google que dirige, na Universidade Stanford, um programa voltado justamente para o estudo de regulamentação de plataformas. Vale seguir seu raciocínio.
2 O problema nas redes sociais são os algoritmos de amplificação, uma IA que decide quais postagens aparecem e em que ordem. São úteis por trazer para a frente conteúdo que de fato nos interessa. São igualmente responsáveis por espalhar desinformação, provocar ódio, radicalizar.
3 Uma maneira de regular é pelo conteúdo. As plataformas seriam responsáveis por extirpar o que é ilegal. Racismo, por exemplo, é ilegal no Brasil. Ou deveriam diminuir a distribuição de conteúdo legal porém danoso. Desinformação sobre vacinas não é ilegal. O dano ocorre porque as plataformas distribuem para muitos.
4 Mas, sob a ameaça de punição, as plataformas censurariam por via das dúvidas, restringindo os debates on-line.
5 O outro caminho não tenta legislar sobre que informação pode ou não. É quando possibilidades interessantes surgem.
6 Uma é a de algo similar aos circuit breakers dos pregões. Se uma postagem começa a viralizar, as plataformas seriam obrigadas a reduzir esta velocidade. Há desvantagens: informação de interesse público também sofreria. É o caso de notícias de grande impacto.
7 Também se pode dar aos usuários controle dentro das plataformas. O motivo pelo qual o conteúdo extremista viraliza é porque nossa reação é clicar. Mas todos compreendemos que nossas reações viscerais não são necessariamente as melhores. Quando temos tempo de pensar, agimos diferentemente. Se podemos dizer que não queremos ver tanto um tipo de conteúdo, que o algoritmo não deve selecionar postagens a partir do que clicamos nas madrugadas insones, tudo seria muito diferente.
8 Há um caminho similar. Hoje, num Facebook, as informações a nosso respeito alimentam o algoritmo do próprio Face. Mas e se pudéssemos ter opções? Empresas jornalísticas poderiam oferecer a seus leitores algoritmos concorrentes, igrejas poderiam fazê-lo, grupos políticos, ONGs. Poderíamos escolher que algoritmo vai selecionar o que vemos.
9 Ninguém censura nada, ganhamos a liberdade de escolher quem edita.
10 E se pudéssemos escolher algoritmos que selecionassem o conteúdo daquilo que vemos?

Ao responder às questões, prepare-se para participar da plenária de discussão e correção.

1. A regulação das redes sociais tem sido um dos temas mais polêmicos da atualidade. O título do artigo permite inferir o posicionamento do autor em relação a esse tema.
a. Qual é esse posicionamento?

b. Explique o raciocínio que você fez para chegar à resposta.

2. Qual é a principal tese sustentada pelo articulista? Em que lugares do texto a tese é explicitada?​
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Leia atentamente o texto teórico (texto 1) e a carta aberta (texto II). Em seguida, com base no que você apren- deu no texto I, esquematize os elementos estruturais presentes no texto II, indicando os parágrafos em que se localizam.Texto I Carta aberta é um gênero textual de cunho argumentativo, opinativo e, frequentemente, reivindicativo. Caracteristicas: • finalidades: manifestar apoio ou desaprovação, protestar, conclamar, questionar, reivindicar• estrutura: semelhante à das cartas (pessoais e oficiais), com alguns dos seguintes elementos: • local, data; • saudação aots) destinatario(s); • corpo do texto: introdução, desenvolvimento, conclusão; • despedida, • assinatura do(s) signatário(s)• caráter público (explicitado pelo adjetivo "aberta"), mesmo quando dirigida a um individuo (as cartas comuns são "fechadas"-muitas vezes, literalmente, em envelopes-, tendo seu sigilo garantido pela Constituição). • signatário(s): individuo, grupo de individuos, instituição(es):• destinatário(s) individuo, autoridadels), grupo social, instituição(ões), toda uma comunidade• tipos textuais predominantes: expositivo, argumentativo e injuntivo.Texto IICarta aberta(1) Prezados Instagram, Facebook, Tik Tok e Twitter.(2) Nós representamos as 14.000 meninas de 22 países que conversaram com a Plan International sobre o assédio que sofremos nas redes sociais. Pedimos urgentemente que vocês trabalhem conosco para acabar com o assédio e o abuso on-line em suas plataformas.(3) Amamos suas plataformas, elas estão presentes em grande parte do nosso dia a dia. Nós as utilizamos não só para nos conectar com amigas/os, mas para liderar movimentos e promover mudanças na sociedade. Mas elas não são seguras para nós. Lá, nós somos perseguidas e assediadas TODOS OS DIAS.(4) Somos fisicamente ameaçadas, agredidas racialmente, assediadas sexualmente e envergonhadas por termos os corpos que temos. A violência on-line é grave: ela causa danos reais e silencia as nossas vozes.(5) À medida que esta pandemia global influencia as nossas vidas no mundo virtual, nós meninas corremos mais riscos do que nunca.(6) Vocês sabiam que 50% de nós enfrentamos mais assédio on-line do que nas ruas? E que, em consequência disso, 42% de nós perdemos a nossa autoestima ou confiança?(7) A violência on-line molda a nossa identidade quando nos diz que há algo de errado com o nosso jeito de ser. Das meninas que foram assediadas, 37% de uma minoria étnica disseram que são assediadas por causa de sua etnia ou raça. E 56% das meninas que são LGBTQIA+ e sofreram assédio disseram que são assediadas por causa disso.(8) Muita gente fala "se vocês não conseguem lidar com o assédio, então não deveriam estar nas redes sociais. Isso é muito problemático e não é justo. Não deveriamos ter que suportar caladas e nos encolher sob um sistema injusto. O mundo precisa parar de normalizar a violência on-line.(9) Sabemos que muitos de vocês estão tomando medidas para tornar suas plataformas mais seguras - isso é incrível, obrigada!(10) Mas, neste momento, isso ainda não é o suficiente.(11) Nós, meninas, em toda a nossa diversidade, precisamos ter certeza de que, se formos abusadas e ameaçadas nas redes sociais, poderemos denunciar os/as agressores/as e que vocês tomarão medidas concretas em relação a isso.(12) O que a gente propõe? Sejam nossas/os aliadas/os! Falem conosco! Ouçam as nossas experiências! Trabalhem junto com a gente para criar mecanismos de denúncia de violência ainda mais fortes, que atendam às necessidades das meninas e responsabilizem os/as culpados/as.(13) A hora de agir é agora, para que as meninas estejam sempre #ConectadasESeguras #FreeToBeOnline(14) Aguardamos o seu contato!(15) Atenciosamente,(16) Zahra. 17 anos, Finlândia(17) Madjidath, 20 anos, Benim(18) Yande, 16 anos, Zâmbia(19) Neha, 18 anos, Nepal(20) Deisy, 18 anos, Colombia(21) Sessi, 22 anos, Benim2. Responda à questão sobre a carta aberta que lhe foi atribuída pelo professor:2.1. a. Qual é a denúncia feita pelas signatárias da carta aos quatro destinatários? b. Explique quais são, segundo as signatárias, as consequências das atitudes denunciadas.2.2. As signatárias da carta aberta mencionam um argumento do senso comum que, segundo elas, é utilizado contra suas reclamações e propostas.a. Qual é o argumento?b. Cite um ditado popular que tenha um sentido equivalente ao desse argumento. c. Você concorda com esse argumento? Explique por qué.2.3.0 artigo de Pedro Doria analisa vários "caminhos" possíveis para a regulação das redes socials. A qual deles se pode relacionar a proposta feita na carta aberta ás quatro grandes redes socials? Explique as semelhanças e diferenças entre o "caminho" e a proposta.(desculpe pela pergunta grande)​
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