Leia o fragmento de uma carta enviada de Mário de Andrade a Rodrigo de Melo Franco de Andrade, então presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), escrita
em 29 de julho de 1936, com discussões que antecederam o Decreto-Lei no 35/1937, que instituiu
o tombamento.

"Imaginar mesmo em ponto de dúvida que eu penso que um museu é apenas colecionar objetos, só
não é ofensa porque não tenho vontade de ficar ofendido. Achar que o Span [Serviço
do Patrimônio Artístico Nacional] é sentimental, pra se defender de não querer reorganizar o
Museu Nacional, não pode provir da verdadeira Heloísa Alberto Torres. O Span é um organismo de
todo em todo cultural com forte base econômica. Achar isso sentimental é desvirtuar a própria
essencialidade da coisa. Mais outro argumento curioso: D. Heloísa ao entender Etnografia, pelas suas próprias especializações, só pensa em 'etnografia ameríndia', ao passo que eu, pelas minhas especializações, entendo principalmente 'etnografia popular'. Se não me engano, no meu trabalho
mostrei que a etnografia ameríndia podia estar ajuntada à arqueologia. E tudo isso não fará um desgraçado mal que fique no Museu de História Natural que é o M. Nacional. Mas a Etnografia do nosso povo brasileiro tem creio que só uma sala no M. Nacional, e essa é a parte pra mim mais importante, os Ameríndios pertencendo principalmente à ciência pura, e o povo brasileiro em seus costumes e usanças e tradições folclóricas, pertencendo à própria vida imediata, ativa e intrínseca do Brasil. Não dei, nem me cabia dar, a organização interna e detalhada de cada museu, mas
imagine um museu etnográfico fornecendo modelos de decoração, processos de fazer rendas, chapéus de palha, etc. músicas e danças, etc., generalizando, entradicionalizando, protegendo contra o progresso mortifero, etc. [...]. Um abraço do Mário" (ANDRADE, 1981, p. 60-61).

Mário de Andrade expõe uma discussão sobre a etnografia e a importância dos museus, na década de 1930, e os entendimentos dele sobre esses assuntos, como agente cultural, e de Heloisa Alberto Torres, então responsável pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro. Os conceitos de etnografia e de cultura foram pano de fundo para a criação de um órgão de defesa do patrimônio cultural brasileiro: o atual Iphan.

Na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), a temática indígena aparece em diversas disciplinas e em seus conteúdos, conforme regulamentação da Lei no 10.639/2003 e Lei no 11.645/2008. É sob o ponto de vista da diversidade que muitas habilidades propostas na BNCC foram pensadas.

Considere a situação a seguir:

Você é professor de história e precisa pensar a diversidade cultural para elaborar uma atividade para os seus alunos do ensino médio.
Leve-os a refletir sobre o patrimônio indígena colocando em perspectiva um jovem indígena e um jovem originário da população urbana.

Agora responda:

Em termos de diversidade cultural, o que aproxima os dois jovens? Quais os rituais e as características são peculiares a cada um desses individuos? Descreva uma atividade que aborde esse conteúdo.
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