Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia as silabas, imitava os berros dos animais, o barulho do vento, o som dos galhos que rangiam na caatinga, roçando-se. Agora tinha tido a ideia de aprender uma palavra, com certeza importante porque figurava na conversa de Sinha Terta. Ia decorá-la e transmiti-la ao irmão e à cachorra. Baleia permaneceria indiferente, mas o irmão se admiraria, invejoso. – Inferno, inferno. Não acreditava que um nome tão bonito servisse para designar coisa ruim. E resolvera discutir com Sinha Vitória. Se ela houvesse dito que tinha ido ao inferno, bem. Sinha Vitória impunha-se, autoridade visível e poderosa. Se houvesse feito menção de qualquer autoridade invisível e mais poderosa, muito bem. Mas tentara convencê-lo dando-lhe um cocorote, e isto lhe parecia absurdo. Achava as pancadas naturais quando as pessoas grandes se zangavam, pensava até que a zanga delas era a causa única dos cascudos e puxavantes de orelhas. Esta convicção tornava-o desconfiado, fazia-o observar os pais antes de se dirigir a eles. Animara-se a interrogar sinha Vitória porque ela estava bem-disposta. Explicou isto à cachorrinha com abundância de gritos e gestos.” (Graciliano Ramos, Vidas Secas, 1938) A famosa obra de Graciliano Ramos narra a saga de uma família de retirantes que foge da seca e enfrenta severas dificuldades para sobreviver. Observe as afirmações a seguir e assinale a alternativa que apresenta correta e respectivamente quais são falsas e quais são verdadeiras. (I) Este trecho, narrado com o recurso do discurso indireto livre, em que se mesclam a fala do personagem com o narrador, descreve o momento em que o menino, após ouvir a palavra “inferno”, se frustra na tentativa de descobrir seu significado. (II) O menino não compreende o significado de inferno pois é muito novo e não sabia falar direito, mas estava animado para interrogar Sinha Vitória. (III) O trecho mostra que, dependendo das circunstâncias socioeconômicas, a infância será afetada não apenas pela pobreza, mas também em seu direito de educação. (IV) O menino explica a Baleia, com gritos e gestos, que estava contrariado por ter levado um cocorote da mãe ao perguntar se ela já tinha ido ao inferno. Falsa, verdadeira, verdadeira, falsa Verdadeira, falsa, verdadeira, verdadeira Verdadeira, falsa, falsa, verdadeira Verdadeira, verdadeira, falsa, verdadeira Falsa, falsa, verdadeira, verdadeira 2 pontos PERGUNTA 4 A literatura moderna abordou o tema da infância de maneira crítica, mesclando passagens poéticas a um aprendizado doloroso, como nas obras O Ateneu (1988), de Raul Pompeia, Menino de Engenho (1932), de José Lins do Rego, e Infância (1945), de Graciliano Ramos, destoando das abordagens do Romantismo, como se observa nos versos de Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”: “Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é - lago sereno, O céu - um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida - um hino d'amor!” (Casimiro de Abreu, As Primaveras, 1859) Como a infância é representada neste poema? Trata-se de uma representação que descreve objetivamente a paisagem infantil. Perpassa o poema imagens de sonho, amor, paz e inocência, retratando uma infância universal. A infância é abordada de maneira crítica, mesclando passagens poéticas e aprendizado doloroso. A infância é representada de maneira neutra, sem elementos da vida particular do eu lírico. A infância é nostalgicamente evocada como época de felicidade, inocência e descobertas. 2 pontos PERGUNTA 5 “Quando eu tinha seis anos  Ganhei um porquinho-da-índia.  Que dor de coração me dava  Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!  Levava ele pra sala  Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos  Ele não gostava:  Queria era estar debaixo do fogão.  Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .  — O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.” (Manuel Bandeira, Libertinagem, 1930) Em “Porquinho-da-índia”, Manuel Bandeira rememora um episódio da infância para compará-lo a uma situação vivida posteriormente. O que expressa a comparação entre o porquinho-da-índia e a primeira namorada? O desejo de ternurinhas. Uma relação abusiva. O desprezo pela namorada. A vontade de estar debaixo do fogão. O afeto não correspondido. 2 pontos Clique em Salvar e Enviar para salvar e enviar. Clique em Salvar todas as respostas para salvar todas as respostas.​
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